quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Bicho Papão MST os Latifundiários Inconscientes

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A luta por uma educação pública de qualidade é também uma luta pela democracia. Não é possível se ter democracia de fato sem educação. A campanha política em curso é um espelho fiel dessa lacuna. Não há debate democrático, a luta pelo eleitor é feita através à base de terrorismo, na cabeça dos candidatos é o medo e a promessa de esmolas que empurram o eleitor para a urna e vão decidir o pleito. Calunias, boatos e fofocas são as armas empunhadas contra os concorrentes, não se discute as plataformas políticas. O eleitor é um mero espectador do festival de baixarias. A falta de conhecimentos básicos produzidos pela educação medíocre é terreno propício para os profetas do apocalipse.

Serra faz terrorismo profetizando que se a Dilma vencer o MST fará mais invasões, nenhuma palavra sobre a reforma agrária pronunciou o candidato. Século XXI e o latifúndio implantado no século XVI permanece um impávido colosso, atravancando o progresso da nação.

Até hoje tento entender porque no Brasil, a proposta de reforma agrária provoca tento medo e como esse argumento, em 2010 pode ser válido para semear o pânico. Hoje, o Brasil é um país urbano, o que significa que os votos necessários para eleger um candidato venham das cidades, logo o que leva um habitante da cidade a temer a reforma agrária? Atualmente a reforma agrária só pode trazer benefícios para a população urbana, como por exemplo: a diminuição da expansão das favelas com a redução do êxodo rural; o barateamento dos alimentos da cesta básica, pois latifúndio só produz para exportação; a melhoria dos serviços públicos em função da desaceleração do crescimento da população urbana e a estabilização da demanda entre oferta e procura de emprego.

Todos os anos durante a época das chuvas, quando patino por ruas alagadas, principalmente aqui na Tijuca em função do lixo e da lama que desce dos morros e entope as galerias fluviais e os bueiros inundando as garagens dos prédios, penso nos latifundiários que estão com suas garagens secas e se carros salvos do aguaceiro, nem um centavo da soja exportada é enviado para nos ajudar a pagar os prejuízos.

O velho bordão de que a agricultura gera empregos e fixa o homem no campo já não serve mais de justificativa para a manutenção dos latifúndios, pois na sua totalidade a agricultura é mecanizada, uma colhedora de cana substitui em média 80 cortadores, e adivinhe para onde vem essas pessoas? Se você respondeu que vão para as favelas e as periferias das grandes cidades, acertou.

Outra faceta do latifúndio, que drena recursos que poderiam ser canalizados para o meio urbano são os financiamentos, feitos com o dinheiro público a juros baixíssimos e que tem como garantia a plantação a ser feita, isso que é privilégio, enquanto o trabalhador de classe média para comprar a casa própria tem que pagar juros altíssimos e se atrasar as prestações perde o imóvel. Se a plantação do latifúndio não vingar, o latifundiário fica com suas terras e o prejuízo é socializado com toda a população. Como se pode aceitar a socialização dos prejuízos quando não participamos dos lucros? Por incrível que pareça a maioria do povo brasileiro aceita.

Acho que toda a nação se sente inconscientemente proprietária de um latifúndio. O MST, movimento que nasceu por falta de uma reforma agrária, é satanizado na mídia e na fala dos candidatos, a grande maioria das pessoas do meio urbano encaram os sem-terras como terroristas, enquanto encaram com naturalidade a destruição da floresta amazônica e a invasão das terras indígenas pelos latifundiários como atos heróicos de desbravadores progressistas.

Bastava que a população tivesse conhecimentos básicos de História e Geografia para que o “bicho papão reforma agrária” não intimidasse os eleitores, pois eles conscientemente saberiam que do latifúndio só colhemos os prejuízos...

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