sábado, 31 de julho de 2010

SOY LOCO POR TI LATINOAMÉRICA

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Professores são profissionais que descansam carregando pedra. Aproveito este final de recesso relâmpago para preparar as minhas aulas da próxima semana.

Incomoda-me muito a nossa ignorância acerca da América Latina, rejeitamos nossos hermanos na vã tentativa de nos irmanar aos norte-americanos, o resultado é uma caricatura grotesca. Por mais que os brasileiros se identifiquem com os norte-americanos eles nos vêem como cucarachos, cem por cento latinos americanos, como pode ser comprovado pelos recentes comentários do Rambo/Sylvester Stallone sobre o Brasil.

Procuro instigar os meus alunos a olhar para a América Latina, a rasgarem o véu de indiferença intencional que oculta os nossos vizinhos, que pelo passado histórico que temos em comum são nossos irmãos de copo e de cruz. Quero que minhas turmas saibam que a expansão marítima e comercial européia, não descobriu nada, pois não haviam terras perdidas e vazias, todas eram habitadas. África e América eram habitadas por povos dotados de cultura, religião e tecnologia nem inferior ou superior à européia, apenas diferentes, compatíveis com a realidade dessas áreas. Para nós professores de história, extirpar o eurocêntrismo do inconsciente coletivo é uma tarefa nada fácil, o terreno das mentalidades é osso duro de roer, mas aos poucos vamos avançando.

Elaborei para o terceiro bimestre um trabalho a ser desenvolvido pelas minhas turmas do primeiro ano, no qual cada turma deverá fazer um filme utilizando o Windows Movie Maker, sobre os povos que os europeus encontraram na África e na América. Será uma espécie de documentário a ser divulgado no blog da escola, contemplando os seguintes aspectos: Sociedade, Economia, Religião, Tecnologia, Artes e fazendo a ponte passado/ presente a situação desses povos na atualidade.

Após a concluir a redação do projeto, parti em busca de fontes para indicar aos alunos e encontrei um artigo que gostaria muito de compartilhar, alguns trechos com meus leitores, pois as informações que temos pela mídia sobre os nossos vizinhos não são confiáveis. Fico surpresa ao ver que a maioria das pessoas estão completamente desinformadas sobre os assuntos latino americanos, um bom exemplo e a opinião boa parte da população tem de Hugo Chávez e Evo Morales, a qual é meramente um eco da mídia, poucos são os que sabem a razão da satanização pela mídia nacional desses dois presidentes. Acho oportuno conhecermos um pouco mais dessas duas personagens, principalmente agora que ambos estão sendo utilizados na campanha política como ingredientes do coquetel terrorista do candidato Serra.

Segue abaixo alguns trechos do artigo Yo amo a Chávez escrito por Carlos Rodríguez para a revista eletrônica Amauta.

“Ao final dos anos 90, muitos acreditavam que a queda do modelo neoliberal de globalização entraria em colapso sob seu próprio peso e sua incapacidade de cumprir as promessas de desenvolvimento que trariam um novo modelo de comércio e das políticas de desenvolvimento mais eqüitativo dirigidas pelos próprios cidadãos, em vez da caridade corporativa e paternalista do estado; aparece no cenário internacional o sempre beligerante Hugo Chávez, um ex-militar golpista que promete aos venezuelanos trazer justiça e igualdade de oportunidades usando o sentimento revanchista de muitas pessoas e da massa de pobres que foram enganadas pelas elites endinheiradas de Caracas para criar, gradualmente, um grande Estado que quer controlar tudo, estabelecer-se não como o” defensor do povo “mas como a nova elite dominante na Venezuela, ou pelo menos é isso que aparenta buscar o sempre ruidoso Chávez ”.

Mas será Chávez o diabo com uma boina vermelha que mostram meios de comunicação que seguem a linha ideológica do conglomerado empresarial criado Washington ou simplesmente é estereotipo criado para desacreditar todo o movimento social que se levanta na América Latina?

Embora Chávez tenha conseguido se manter no poder, não só através da sua confrontação verbal contra as elites da Venezuela e os Estados Unidos, mas também através de programas de assistência social, de seus supermercados subsidiados e da possibilidade de que ele deu aos bairros pobres para se organizarem e terem uma voz, não há dúvidas de que sua política econômica mergulhou a Venezuela em uma enorme crise colocando-a entre os países com a maior taxa de inflação do mundo, perdendo apenas para Seychelles, Etiópia e Zimbábue.

Se observarmos com calma, a todos os críticos mais ruidosos de Chávez, ouvimos apenas meias verdades e mentiras descaradas, mas o objetivo da sua critica não é a eliminação do militar venezuelano, a meta dos seus críticos mais irracionais é a eliminação de uma vez por todas de qualquer sistema social, apesar de utilizar a retórica para fazer crer aos pobres e as massas indígenas que compõem a base de nossas sociedade modernas, que os mesmos tem valor e que eles também merecem uma chance para o desenvolvimento, a meta dos Montaner* e Vargas Llosa não é evitar um regime totalitário na América, é simplesmente para evitar um regime totalitário que eles e seus maiorais não controlam.

A verdade é que há uma luta ideológica, dentro Venezuela ou da América Latina, não existe um herói e um vilão, Chávez não é o anti-Cristo, nem Superman, a grande maioria das suas reformas não apontam para um estado comunista e ele tem conseguido manter o modelo capitalista de comércio exterior que o país tem, claramente cometeu erros na economia e sua retórica não serve muito às relações públicas, mas apesar do que muitos pretendem fazer crer que poder de Chávez e o seu petróleo não se estendem além de suas fronteiras ele é o único que pode ser considerado como uma opção ideologia com seu “Socialismo do Século XXI” que é um antiimperialismo que todos, independente de nossa posição política devemos apoiar, e não apenas um antiimperialismo contra os Estados Unidos, mas também extensivo à China e ás novas tentativas da Rússia de voltar a ter um papel predominante no mundo; porque enquanto estamos distraídos com o último discurso “pitoresco” de Chávez, nossos líderes estão separadamente fazendo acordos com China e apoiando tacitamente a ocupação do Tibet e a forma imoral, pela qual os “comunistas” chineses adotaram para explorar o povo.

A eterna luta entre o bem e o mal

A mídia corporativa, os defensores eternos da iniciativa privada e das classes mais ricas, vêem com pânico a criação de meios alternativos patrocinados pelo estado e pelos movimentos sociais para defender as causas promovidas fora do âmbito do capitalismo “neoliberal” conceberam as ditas empresas de “informação”, que tem levado ambos os lados, seja a mídia tradicional ou a “nova mídia” a se refugiarem no extremismo e nas denuncias de favorecimento a interesses alheios à verdade, ao mesmo tempo, criou um clima de e de partidarismo, ou se é neoliberal pró-ianque é se é um socialista ou antiimperialista, essa metodologia tem deixado pouco espaço para a verdadeira interpretação das ações políticas daqueles que conviver os estados no mundo real.

O odiar ou amar Hugo Chávez é um paradigma que os verdadeiros homens e mulheres no controle querem que adotemos fazendo-nos novamente escolher entre os sistemas capitalista ou socialista sistemas de "desenvolvimento", pois depois da derrocada do bloco soviético, o medo do comunismo na América Latina deixou de dominar a maneira pela qual as instituições do Estado foram organizadas e os programas de desenvolvimento foram colocados em prática, programas estes que não beneficiaram em larga escalas, os antigos grandes proprietários latinos, que agora pretendem voltar no tempo a uma era em que preferíamos ser explorados por poucos, em vez de correr o risco de viver em uma sociedade abertamente repressiva e totalitária, como lamentavelmente todo sistema comunista tem se mostrado deformado com o passar do tempo.

Do que nós queremos convencer ambos os lados, é que eles e suas ideologias são os donos das ferramentas e métodos para o continente a sair do atraso profundo em que nos encontramos, mas em sua luta para nos fazer acreditar nisto eles esqueceram de fazer uma profunda revisão dos seus métodos antes de apresentá-los ao público mais uma vez, tanto os capitalistas neoliberais como os socialistas marxistas, tiveram as suas chances de nos tirar da pobreza e nenhum deles conseguiu, os países que consumiram na ideologia de um lado ou de outro terminaram como exemplos nefastos de desigualdade, injustiça e repressão, basta ver os casos de Cuba, Haiti, Chile, Peru com, Alan Garcia (em seu primeiro mandato), Honduras e muitos outros, podemos ver claramente como o seguimento de uma só linha ideológica trás mais danos do que soluções. Os eternos apologistas sejam da direita ou a esquerda sempre encontrar uma maneira de culpar o outro lado de sua inépcia na cumprimento das promessas que fizeram ao seu povo, tentando deixar intacto o núcleo ideológico para usá-lo em outro momento, no qual a história fez esquecer os detalhes de seu rotundo fracasso.

Se a América Latina quer avançar e deixar para trás os problemas da desigualdade econômica que existe dentro dos nossos países, precisamos desenvolver uma mentalidade independente que abandone a compreensão linear e ortodoxa que predomina atualmente, precisamos cavar nas entranhas do capitalismo, do comunismo, do fascismo, do imperialismo, do nacional socialismo, do sionismo, do anarquismo, enfim de toda as ideologias políticas que existiram ou existem para extrair delas o que melhor se adapte às nossas realidades, tendo em conta os princípios óbvios de uma busca mais humana desenvolvermos uma clara compreensão do que é justiça social, consciência social e o respeito pelos direitos humanos.


Fonte: Revista Armanauta.

Nota:

* Carlos Alberto Montaner (é um jornalista e escritor cubano o co-autor do livro Manual do Perfeito Idiota Latino-americano, um livro sobrepolítica escrito a três mãos por Plinio Apuleyo Mendonza (colombiano), Carlos Alberto Montaner (cubano) e Alberto Vargas Llosa (peruano). Originalmente redigido em castelhano e pertencente à tradição panfletária a obra versa, em tom crítico e bem-humorado, sobre a influência que a ideologia esquerdista - notoriamente a linha de pensamento marxista - exerce na América Latina, assim como as consequências que tal sistema de idéias gerou para o povo que habita a referida região. Conceitos consagrados para explicar o atraso do subcontinente, como o "Imperialismo", e também definições comumente tratadas como imprescindíveis para impulsionar o desenvolvimento da América meridional, dentre elas "Estatismo" e "Nacionalismo", são desconstruídos pelos autores, que julgam ser os próprios políticos nacionais, embebidos de concepções de um "marxismo elementar que lhes forneceu uma explicação fácil e plena do mundo", os verdadeiros responsáveis pelo retardamento econômico, social e cultural que o assola. São esses os idiotas, "idólatras contumazes do fracasso" e, como enfatizou o escritor Mario Vargas Llosa, crentes que " somos pobres porque eles são ricos e vice-versa, que a história é uma conspiração bem-sucedida dos maus contra os bons". Para sustentar suas argumentações e denunciar interpretações que, em seus entendimentos, são deturpações explícitas de fatos históricos, os autores analisam eventos como a Revolução Sandinista e a Revolução Cubana, sempre apoiados em dados empíricos.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A LEI DA PALMADA

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Nas últimas duas semanas, a questão da criminalização da palmada é destaque na mídia. A Lei da Palmada , como qualquer outra que torne a vida da criança melhor é bem vinda, mas quero mais. Quero uma lei que garanta saúde para as crianças de baixa renda, pois é um crime a aflição dos pais e das mães nas filas dos hospitais públicos à espera de atendimento; quero outra lei que acabe com criminoso desfile de crianças nas intermináveis valas de esgoto a céu aberto que cobre esse imenso Brasil como também mais uma lei para erradicar o criminoso espetáculo que exibe uma multidão de crianças e adolescentes pedindo esmolas nos sinais, se prostituindo e se drogando nas ruas dos grandes centros.

Somos campeões na criação de leis, mas também somos campeões no não cumprimento dessas leis, pois o que adianta criá-las se não temos estrutura para aplicá-las? Infelizmente ainda seguimos a velha máxima nacional da “lei para inglês ver”.

Não sou a favor de castigos físicos, entretanto entendo que devemos educar para a vida em sociedade, a qual exige de todos responsabilidade. Acho a palavra limite inadequada em matéria de educação, pois limite remete a coerção, e se coerção educasse, o mundo já seria um paraíso de ordem e tranquilidade desde a antiguidade, ao contrário da responsabilidade que é uma ação voluntária do individuo guiada pelo seu livre arbítrio.

O que se observa na longa caminhada da humanidade é que a coerção foi e ainda é o recurso fundamental e imbatível para promover a vida em sociedade. A nossa sociedade é extremamente coercitiva, seja no plano legal ou no ilegal. Vivemos um momento em que até os 18 anos, o indivíduo é totalmente protegido por uma bolha artificial e demagógica, pois não o prepara para viver no mundo da coerção que será jogado na maioridade. Particularmente considero irresponsável e criminosa essa prática, pois sob a alegação de não traumatizar o indivíduo o deixa totalmente vulnerável para enfrentar as pedradas da vida adulta, imagino o trauma produzido nesses jovens ao atingir a maturidade, pois a dor e o sofrimento não estão presentes só na infância, trauma não tem idade.

As páginas dos jornais exibem diariamente crimes praticados por indivíduos jovens, que em sua grande maioria foram provocados pela falta de preparo para lidar com as frustrações, respeitar o direito do próximo e cumprir seus deveres. Como podemos exigir de um indivíduo que até os 18 anos viveu em um mundo do vale tudo e depois foi jogado em mundo regulado por deveres e obrigações, um comportamento exemplar? É injusto processar, prender e encarcerar um cidadão criado na total irresponsabilidade, ao qual ninguém pode dizer não, exigir que respeite o direito do próximo, pois até matar é permitido até os 18 anos sem maiores consequências.

Defendo a liberdade com responsabilidade, mas diante da crise ética e moral em que estamos vivendo é quase impossível passar para a crianças e os jovens o dever de respeitar o direito do próximo, pois a legislação e a própria sociedade, a todo o momento banaliza e sanciona o desrespeito e a impunidade.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Bicho Papão MST os Latifundiários Inconscientes

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A luta por uma educação pública de qualidade é também uma luta pela democracia. Não é possível se ter democracia de fato sem educação. A campanha política em curso é um espelho fiel dessa lacuna. Não há debate democrático, a luta pelo eleitor é feita através à base de terrorismo, na cabeça dos candidatos é o medo e a promessa de esmolas que empurram o eleitor para a urna e vão decidir o pleito. Calunias, boatos e fofocas são as armas empunhadas contra os concorrentes, não se discute as plataformas políticas. O eleitor é um mero espectador do festival de baixarias. A falta de conhecimentos básicos produzidos pela educação medíocre é terreno propício para os profetas do apocalipse.

Serra faz terrorismo profetizando que se a Dilma vencer o MST fará mais invasões, nenhuma palavra sobre a reforma agrária pronunciou o candidato. Século XXI e o latifúndio implantado no século XVI permanece um impávido colosso, atravancando o progresso da nação.

Até hoje tento entender porque no Brasil, a proposta de reforma agrária provoca tento medo e como esse argumento, em 2010 pode ser válido para semear o pânico. Hoje, o Brasil é um país urbano, o que significa que os votos necessários para eleger um candidato venham das cidades, logo o que leva um habitante da cidade a temer a reforma agrária? Atualmente a reforma agrária só pode trazer benefícios para a população urbana, como por exemplo: a diminuição da expansão das favelas com a redução do êxodo rural; o barateamento dos alimentos da cesta básica, pois latifúndio só produz para exportação; a melhoria dos serviços públicos em função da desaceleração do crescimento da população urbana e a estabilização da demanda entre oferta e procura de emprego.

Todos os anos durante a época das chuvas, quando patino por ruas alagadas, principalmente aqui na Tijuca em função do lixo e da lama que desce dos morros e entope as galerias fluviais e os bueiros inundando as garagens dos prédios, penso nos latifundiários que estão com suas garagens secas e se carros salvos do aguaceiro, nem um centavo da soja exportada é enviado para nos ajudar a pagar os prejuízos.

O velho bordão de que a agricultura gera empregos e fixa o homem no campo já não serve mais de justificativa para a manutenção dos latifúndios, pois na sua totalidade a agricultura é mecanizada, uma colhedora de cana substitui em média 80 cortadores, e adivinhe para onde vem essas pessoas? Se você respondeu que vão para as favelas e as periferias das grandes cidades, acertou.

Outra faceta do latifúndio, que drena recursos que poderiam ser canalizados para o meio urbano são os financiamentos, feitos com o dinheiro público a juros baixíssimos e que tem como garantia a plantação a ser feita, isso que é privilégio, enquanto o trabalhador de classe média para comprar a casa própria tem que pagar juros altíssimos e se atrasar as prestações perde o imóvel. Se a plantação do latifúndio não vingar, o latifundiário fica com suas terras e o prejuízo é socializado com toda a população. Como se pode aceitar a socialização dos prejuízos quando não participamos dos lucros? Por incrível que pareça a maioria do povo brasileiro aceita.

Acho que toda a nação se sente inconscientemente proprietária de um latifúndio. O MST, movimento que nasceu por falta de uma reforma agrária, é satanizado na mídia e na fala dos candidatos, a grande maioria das pessoas do meio urbano encaram os sem-terras como terroristas, enquanto encaram com naturalidade a destruição da floresta amazônica e a invasão das terras indígenas pelos latifundiários como atos heróicos de desbravadores progressistas.

Bastava que a população tivesse conhecimentos básicos de História e Geografia para que o “bicho papão reforma agrária” não intimidasse os eleitores, pois eles conscientemente saberiam que do latifúndio só colhemos os prejuízos...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

REFORMULAÇÃO CURRICULAR

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Precisamos urgentemente de uma reformulação da estrutura educacional, temos que pensar a questão do tempo de duração do ano letivo e também dos currículos de cada disciplina. O que é cobrado no ENEM e nos vestibulares é uma carga absurda, e que não para de aumentar a cada ano, muita coisa pode ser cortada, sem prejuízo para o desenvolvimento e o aprendizado. Não tenho base para analisar as outras disciplinas podendo apenas falar da que leciono, a propósito se algum docente ler este artigo e quiser contribuir com uma análise do conteúdo da sua disciplina, ficarei extremamente grata e gostaria de publicar neste espaço.

História atualmente é uma disciplina com um conteúdo muito extenso e tem apenas dois tempos semanais para ser ministrado, abrange desde a Idade Média até os dias atuais. Na minha opinião a História do Brasil, acaba sendo prejudicada pela História Geral. Não está na hora de se fazer uma revisão retirando alguma coisa da Geral como, por exemplo, a unificação alemã e italiana e se trabalhar conteúdos da nossa história com mais profundidade? É objetivo da escola a formação de cidadãos e o conhecimento da história pátria é fundamental para se atingir esse objetivo.

Hoje a criança no Ensino Fundamental, normalmente estuda até o Golpe de 1964 e a Guerra Fria, ao chegar no Ensino Médio, começa na Idade Média e vai até os dias atuais. O primeiro efeito negativo desse modelo curricular é a sensação de dèjá vu vivenciada aluno, para ele é uma repetição do que ele pensa que já sabe, não há estimulo à sua curiosidade, pois na perspectiva dele não há novidade, só repetição. Penso que seria mais adequado, no Ensino Fundamental iniciar com a pré-história e seguir até a Antiguidade Grego-Romana no 5º ano; do 6º ao 9º ano a história local deveria ser prioridade. Conhecer a história da sua cidade é fundamental para que se desenvolva o sentido de pertencimento e de responsabilidade para com o espaço em que se vive, ninguém ama ou preserva o que desconhece.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Campanha de Socialização de Material Didático

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Caros colegas, gostaria de compartilhar com todos dois jogos didáticos, um para a área de História e outro para a área de Biologia.

O primeiro é o game Cabanagem pode ser baixado gratuitamente no site
http://www.larv.ufpa.br/. Para jogar, é recomendável ter um computador com processador 3.0 GHz, 1 GB de memória RAM, placa de vídeo de 256 MB e sistema operacional Windows Xp ou Vista. (Diário do Pará).

O segundo foi desenvolvido pela Fiocruz. De forma divertida, este jogo esclarece dúvidas sobre a epidemia de HIV/AIDS e as Doenças Sexualmente Transmissíveis. Recomendado para 2 (dois) à 4(cinco) jogadores, a partir de 12 anos. Desenvolvido e testado por Simone Monteiro,
Sandra Rebello e Virgínia Schall Pesquisadoras do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz. Endereço para baixar o jogo
http://www.fiocruz.br/piafi/zigzaids/index2.html.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

FÉRIAS RELÂMPAGO

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As férias de Julho foram engolidas pela voracidade dos planejadores, hoje temos uma pausa relâmpago, que mal começa e já está terminando. O ano letivo, estufado em seus 200 dias, em nada contribuiu para melhorar a educação, antigamente as aulas começavam em março e iam até o fim de junho e de agosto a dezembro. Os estudantes tinham três meses para brincar e se divertir, os professores tinham tempo para se dedicarem á família, descansar, colocar a leitura em dia ou fazer um curso de aperfeiçoamento, em meados de fevereiro, todos já estavam com saudades da escola. Os mais velhos devem se lembrar da festa que era o inicio das aulas em março, a escola não tinha cara de prisão, era o espaço de encontros e convivência. Infelizmente hoje ela é uma instituição para manter as crianças ocupadas enquanto os pais estão trabalhando.

Compreendo a apatia e a indiferença que a grande maioria dos alunos têm pela escola, aos 12 anos de idade, hoje, uma criança já passou uma década da sua vida trancado lá dentro. A referencia de vida e diversão para esse indivíduo é esse espaço, nunca brincou de pique no quintal, não jogou pelada na várzea, não se aventurou pelos pomares vizinhos seqüestrando mangas e goiabas, não jogou queimada na rua nem se aventurou com a turma explorando o riacho vizinho. Os jovens e as crianças de hoje não têm mais direito a uma infância lúdica, talvez por isso os pedagogos batam tanto nesta tecla. Brincadeira e diversão não são atividades para serem transferidas para a escola, temos que dar à criança e ao jovem tempo e espaço para se divertirem, a energia infanto-juvenil não pode ser reprimida, se não oferecemos a eles tempo e espaço, inevitavelmente a brincadeira vai rolar na hora e no espaço errado, isto é, na sala de aula.

O tempo para o descanso e o lazer é necessário para crianças jovens e adultos. Não me lembro de ver os meus professores doentes e estressados no meu tempo de escola. Hoje a estafa física e mental é um estado permanente para a maioria dos docentes resultado do acúmulo de horas aulas, para compensar o minguado salário e da falta de férias adequadas. São reuniões em cima de reuniões, que na verdade poderiam ser dispensadas, pois atendem somente ao aparato burocrático.

Um corpo e um cérebro cansados são incapazes de apresentar um bom rendimento escolar. Saúde física e mental é condição essencial para aprender e ensinar. Não podemos esquecer que a educação é parte da vida e se queremos uma educação de qualidade, temos que ter uma vida com qualidade na qual haja tempo para lazer e descanso.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A RECUPERAÇÃO RECUPERA?

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Recuperação é ato de recuperar e segundo o dicionário RECUPERAR significa:
• Recobrar;
• Reconquistar;
• Refazer;
• Adquirir novamente;
• Restaurar-se.

Considerando-se os significados acima, podemos afirmar que a recuperação aplicada aos nossos alunos concretiza, pelo menos um, desses significados? Particularmente acredito que não. É um mito da educação atual, seja na rede publica ou na privada. Para um leigo, as expressões “semana de recuperação” ou “recuperação paralela” dão a idéia que essa prática é real, entretanto não passa de um jogo de palavras.

Apesar calendário escolar, legalmente, ter 200 dias letivos, o tempo reservado para a recuperação é de uma semana por bimestre, só que este tempo é dividido entre todas as disciplinas, ou seja, o professor tem apenas o seu tempo de aula normal para entregar as notas, fazer a recuperação do conteúdo e aplicar a prova. No meu caso particular tenho apenas 100 minutos a cada bimestre, pois a disciplina história tem apenas dois tempos por semana, às vezes dependendo do dia da aplicação da prova do bimestral não há nem tempo para os alunos estudarem em casa antes da prova, essa é a situação real da recuperação prevista por lei. O real significado dessa “recuperação” é enganação, melhor propaganda enganosa, pois não há tempo e condições para ser realizada. Faça então a recuperação paralela recomendam os tecnólogos de plantão, mas parece que eles não sabem ou omitem propositadamente, a questão do tempo. É possível com apenas 100 minutos por semana, dar o conteúdo recomendado pela SEEDUC e pelo MEC, que no caso da minha disciplina já é insuficiente, e trabalhar simultaneamente a recuperação?

Acredito que criticar sem apresentar soluções é pura perda de tempo, identificar um problema e ficar só na lamentação não vai dar em nada. Quero uma educação com qualidade para os meus alunos, quero fazer o meu trabalho corretamente e confio nos meus conhecimentos e na minha formação de educadora para indicar soluções. Incomoda-me o silêncio e a omissão dos docentes diante desses fatos, o máximo que é feito é o comentário na sala dos professores e as tentativas frustradas de protesto de uma minoria durante os Conselhos de Classe, logo abafada pela pressa imposta pela burocracia e a falta de esperança de ver as reclamações atendidas.

Ser um educador é estar envolvido com o ato de educar, comprometido com a educação, ter a coragem e a teimosia de lutar pelo sucesso do aluno e também pelo seu sucesso como profissional. Há problemas, mas há soluções. Não quero passar a minha vida brincando de ser professora, sou uma professora e tenho que agir como a profissional que sou, tenho que realmente educar. Desde que coloquei os pés dentro de uma sala de aula, nunca teve um dia em que eu não buscasse entender a causa dos problemas e das dificuldades encontradas, é meu dever e minha obrigação elaborar estratégias e encontrar soluções. Na rede estadual estou desde 2007 - a opção pelo magistério foi tardia, vide o artigo abaixo - e desde então venho reavaliando cotidianamente a minha prática docente e todos os anos peço as minhas turmas para me avaliar, para vencer a timidez e o medo dos alunos, pela situação inusitada, peço a todos que escrevam a sua opinião anonimamente em letra bastão, o resultado é maravilhoso, pois não há ninguém melhor do que o aluno para avaliar o professor. Após três anos de intensa avaliação e pesquisa, posso concluir que as dificuldades têm como causa principal a estrutura do sistema. Se eu posso mudar para melhorar, se posso constantemente estar atualizando a minha prática didática, por que o sistema não pode?

A estrutura do sistema educacional vigente precisa, urgentemente, ser modificada, é necessária uma reformulação completa de toda a estrutura. O tempo destinado ao ensino precisa ser adequado à tarefa, é preciso dar aos professores mais tempo com os alunos, a grade horária tem que ser compatível com o conteúdo a ser trabalhado, não dá mais para viver no mundo do faz de conta: o rei (educação) está nu, temos que parar de fingir e admitir a realidade.

A recuperação de cada disciplina deve ter um tempo mínimo de uma semana inteira de aulas para cada bimestre. Os alunos precisam dominar os conteúdos vistos, pois caso contrário essa lacuna, no período seguinte vai se aprofundar e ao final do ensino médio será um abismo do qual o esses alunos jamais sairão.

Falam tanto no modelo de ensino da Coréia do Sul e dos países desenvolvidos, mas a implantação desses modelos fica só na teoria, o que temos é uma cópia pirata da pior qualidade, só fachada para publicidade. Por que não adotar o turno único? As mães e os pais da periferia saem às 5 horas da manhã para trabalhar e só voltam depois das 10 horas da noite, que a criança e o jovem fiquem na escola e recebam a educação que precisam e merecem. Na parte da manhã aulas, após o almoço, descanso e exercícios acompanhados pelo professor, depois lazer e reforço. O estudante coreano passa 12 horas por dia estudando, o nosso apenas 5 horas, caso não falte professor.

Outra medida importante é uma campanha de valorização do estudo e do conhecimento. Que criança ou jovem se sente inclinado ao estudo quando a aprovação é automática e os grandes ídolos e modelos de sucesso são aqueles que venceram na vida com os dons naturais? Pra que estudar se basta ter um corpaço; engravidar de uma celebridade; posar nua para a Playboy; ser dançarina de um grupo de funk, pagode ou aché; ser um jogador famoso; emplacar um funk nas paradas; ser amante eventual de alguma celebridade ou ser o dono da boca? São as Mulheres Frutas (Melancia, Melão, etc.) e os Brunos, Ronaldinhos e Tati Quebra Barraco da vida que são os ídolos da garotada. Professor ganhando R$ 620,00, médico atendendo em linha de montagem sem recursos ou cientista anônimo sem verba - tô fora! – respondem quando o assunto é futuro. Uma faxineira que trabalha na zona sul do Rio tem um salário melhor do que do educador do município e do estado, o ganho mensal de um fogueteiro do tráfico passa de R$ 2.000,00. É possível manter uma sociedade só com celebridades, faxineiras e funcionários do tráfico? Estamos vivendo um momento que apenas o dinheiro conta, independente da origem que tenha e para a criança e o jovem de hoje, dinheiro e estudo não tem relação.

Até o presente momento, nenhuma autoridade da área educacional se manifestou com relação às providências a serem tomadas com relação à crise do ensino médio no Rio de Janeiro. A constatação por parte das autoridades do prejuízo causado pela aprovação automática e da existência do analfabetismo funcional é um avanço, entretanto é urgente a elaboração de uma estratégia conjunta do estado e do município para reverter esse quadro. É urgente a criação de aulas de reforço para todos esses jovens vítimas da política educacional implementada pelo ex-prefeito César Maia, são vidas que estão em risco pela incompetência do poder público, é mais barato investir para reverter esse quadro agora do que amanhã ter que torrar recursos com balas, fuzis, blindados e batalhões de choque. Gostaria que as nossas autoridades percebessem que o custo de um aluno e de uma escola é inferior ao custo de uma penitenciária e de um presidiário. Sem mão-de-obra qualificada e segurança a possibilidade do estado atrair investidores é nenhuma. Será que só os royaltes do Pré-Sal, vão manter a economia do Rio de Janeiro, bancar a mão-de-obra importada para manter os serviços e a blindagem dos poderosos da cidade contra a violência?

História de uma sedução: recorte autobiográfico.

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Tenho para com a Educação Pública do estado de São Paulo, um carinho especial, pois foi o depoimento de um aluno da rede pública, em 1993, explicando para o reporter porque tinha se tornado um skin-head, que me fez ver o caos da educação pública, e deduzir que a causa do problema estava na falta de bons professores de história na rede estadual. Na época, trabalhava em uma multinacional e me senti mal, ao ver que enquanto eu desfrutava da minha vidinha confortável, milhares de jovens estavam tendo suas vidas destruídas pela falta de uma educação de qualidade. No dia seguinte matriculei-me em curso pré-vestibular, pois haviam se passado mais de 15 anos desde o meu último vestibular, resumindo, no final do ano fui aprovada para a UERJ e para UFF, acabei optando pela UERJ por ficar mais próxima da minha residência.

No segundo período do curso, participei da fundação um pré-vestibular comunitário, e já no ano seguinte, tínhamos como colegas na UERJ alunos desse cursinho. Após a conclusão do curso, trabalhei em escolas particulares e na rede estadual como contratada. Em 2004 passei no concurso e me tornei professora da rede estadual em 2007, pois acredito que guerra só pode ser travada no front.

Em função do trabalho, pois chegava à UERJ por volta das 19:30, fiz o curso lentamente, poucas disciplinas por semestre, pois não admitia pegar aula pela metade, depois tive que trancar a matrícula quando a minha mãe teve câncer e só voltei quando ela estava totalmente recuperada. Finalmente em 2003, conclui o curso e comecei a lecionar na rede privada e na rede pública com contratada. Fiz o concurso de 2004, e quase morri de arrependimento em ter escolhido a Metro III, achei que por ter poucas vagas não seria a opção da maioria e quebrei a cara, pela minha pontuação teria entrado na primeira chamada se tivesse escolhido São João de Meriti, tive que esperar até 2007 para ser chamada.

Para minha surpresa, descobri que o problema da Educação não era tão simples, isto é não se resumia apenas na falta de bons professores. Como em todas as áreas, existem profissionais desinteressados, desmotivados e irresponsáveis, mas a grande maioria, aqui no Rio, posso afirmar, com absoluta segurança, dá o sangue pelos alunos.

Atuando no magistério, não só na rede pública com na privada, no seguimento do ensino médio e superior, comprovei por experiência própria, que a qualidade da educação não depende só do professor, de nada adianta professores interessados e motivados se são boicotados pela falta de estrutura do sistema. Não falo apenas do público, mas também do privado que, salvo raras escolas, está tão ruim quanto o da rede pública, só não é percebido por causa da maquiagem.

Na rede pública, na minha opinião, a raiz de quase todos os nossos problemas se encontra na malfadada política educacional adotada na gestão do prefeito César Maia, a aprovação automática até o final do Ensino Fundamental, destruiu literalmente o futuro de milhares de jovens, ao condená-los ao analfabetismo funcional. Anualmente ingressam no Ensino Médio alunos que não dominam a linguagem formal, desconhecem por completo a norma culta da língua e o que é pior, estão condicionados a acreditar que basta estar fisicamente na escola para “ganharem” o diploma. Agora eu pergunto? É possível a um indivíduo que não sabe ler nem escrever ter um bom aproveitamento no ensino médio? A culpa é do professor deste seguimento? A resposta óbvia e simplista seria: os culpados são os professores da rede municipal. Resposta errada! Independente da avaliação do professor os alunos eram promovidos, pois o que interessava era a quantidade para engordar as estatísticas e não a qualidade. As avaliações realizadas eram apenas uma encenação. Existem dezenas de depoimentos de professores da rede municipal na Internet, denunciando a aplicação destes testes que só serviram para jogar dinheiro público no lixo. O novo prefeito se elegeu prometendo acabar com a progressão automática espero que em 2019, a rede estadual receba alunos dotados com habilidades e competências determinadas pelo MEC, necessárias para o prosseguimento dos estudos no Ensino Médio.

Após esse tempo passado dentro de salas aula, sei, por experiência própria, que não há falta de bons professores e que a baixa qualidade da educação não é culpa dos docentes. Na minha ignorância da realidade, baseada nas informações da mídia, achava que a culpa era dos professoras, agora conheço a realidade sem intermediários. Com base na minha vivência na área da educação gostaria de deixar uma recomendação para os leigos que opinam sobre educação: analisem criticamente, não somente o desempenho dos professores, mas também as políticas educacionais, pois reservar todas as pedras só para os professores é ficar ao lado dos maus políticos, ajudando-os a manter o povo na ignorância e ajudá-los na tarefa de destruir a Educação Pública e a vida de milhares de cidadãos.


Apesar dos desafios estou completamente realizada, pois acredito e amo a minha profissão.

Jogo estimula a violência e a indisciplina em sala de aula

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O jogo “Aprontar com a Professora”, cujas regras são as seguintes: “Dona Zulmira é uma professora muita chata e gosta de aplicar provas de surpresa para ferrar com os alunos, mas neste jogo de aprontar com a professora os alunos poderão se vingar dela jogando objetos na sua cabeça. Enquanto ela fica passando no corredor para pegar os alunos colando selecione um objeto e digite o número correspondente ao aluno para jogar o objeto. Mas cuidado se ela descobrir quem jogou além de ganhar zero na prova vai levar um puxão de orelha.
Como jogar: Use barra de espaço para selecionar o objeto e teclado numérico para selecionar o número que representa o aluno capetinha que vai jogar o objeto”, direcionado, principalmente, ao público infanto-juvenil.

Este jogo pode ser encontrado nos seguintes sites:
http://www.pegajogo.com/download-jogos-online.asp?id=8076&jogo=baixar+Aprontar+com+a+professora
http://www.jogosonlinegratis.org/jogoonline/aprontar-com-a-professora/
http://www.meusgames.com.br/jogos-gratis/aprontar-com-professores.html
http://www.guaraparivirtual.com.br/jogosonline/categoria_jogos_online.asp?cod=humor

É um absurdo um jogo que induz crianças e adolescentes a praticar atos imorais e ilícitos esteja sendo exibido na Internet. A mensagem que ele passa incentiva que a prática da “cola” é algo tolerável e correto, e quem tente impedi-la seja punido - no caso o professor, visto como uma pessoa chata, tirana, enfim, um monstro - inclusive violentamente, por meio de arremesso de objetos, o que tanto pode atingir a integridade física, causando uma lesão corporal, que pode ser qualificada como leve – simples arranhões – ou até gravíssima – perda da visão, v.g., ocasionada pelo arremesso de um objeto contundente - e a integridade psíquica – humilhação, constrangimento – do docente e de qualquer um que se encontre neste campo de guerra em que foi transformada a sala de aula.

Segundo o art. 4º da Lei 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (grifo nosso), norma que seguiu o previsto no art. 227 da Constituição Democrática de 1988: "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão". (grifo nosso).

O art. 15 do ECA dispõe que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”. O direito ao respeito consiste, na forma do art. 17 do mesmo diploma legal, “na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideais e crenças, dos espaços e objetos pessoais".

O art. 70 do ECA preconiza que "é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente; o art. 71 que “a criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento" e o art. 73 pressupõe que "a inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei".

O art. 76 prescreve que "As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas". (grifos nossos). E o art. 6º do ECA, "Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento".

Assim, está sendo violado o direito ao respeito de crianças e adolescentes, seres em desenvolvimento, que estão tendo sua integridade psíquica e moral atingidas, por causa do induzimento à violência, à imoralidade pelo jogo “Aprontar com a professora”. Eles devem ter direito a um divertimento que, futuramente, os tornem seres humanos melhores, além de terem consciência do dever de respeito aos seus semelhantes, às pessoas que integram as instituições, como os professores e, amanhã, os colegas de trabalho, o chefe, à sociedade. Também o direito dos profissionais da educação encontra-se lesionado, a quem deve ser assegurado um ambiente de trabalho agradável e seguro, o direito à liberdade de passar as atividades que preparem bem seus alunos, como provas-surpresa, pois, afinal, quando estes forem prestar um vestibular ou um concurso público, deverão estudar toda a matéria que foi passada na escola e sem reclamar. Quando forem, também, fazer uma entrevista de trabalho, evidentemente, não saberão o que lhes irá ser perguntado e, no entanto, terão que ir preparados com a bagagem cultural que receberam. Na escola, há preparo para vida e não somente para uma prova que vai ser passada em certa ocasião.

Assim, este jogo deve ser retirado do ar, cabendo ao Poder Público punir os responsáveis e fiscalizar, para que novas "diversões" como estas não cheguem aos meios de comunicação, prejudicando o desenvolvimento moral de crianças e adolescentes, uma vez que os programas voltados para essas pessoas devem educar e informar e não o contrário.
Drª. Tarcila de Aguiar Oliveira.

Se a moda pega ....

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

INDISCIPLINA E AGRESSÃO EM SALA DE AULA

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Um professor da Escola Estadual Dr. Aurino de Morais, bairro Jatobá, no Barreiro, Minas Gerais, agrediu um aluno na quarta-feira (7), após ser ameaçado de morte. O professor teria tentado conter a turma, que fazia bagunça, quando foi ameaçado pelo estudante de 13 anos. Outros garotos que estavam na sala filmaram toda a confusão.

Depois de agredir o estudante com um soco, o professor foi até a polícia e registrou um boletim de ocorrência. Em seguida, ele foi até a escola e pediu demissão. A diretora do colégio explica que o professor só agrediu o aluno porque foi ameaçado de morte e que o jovem de 13 anos já tem histórico problemático. “Ele estuda aqui desde pequeno e já teve vários problemas aqui dentro. Ele quase não fica dentro de sala, pula o muro quase todos os dias”, afirma Cristina Andrade Pereira.

Ainda segundo a diretora, alguns alunos da sala ameaçaram ir atrás do professor e apedrejar a casa dele. “Por isso ele pediu para sair da escola”, conclui. O aluno, que cursa a quinta série do ensino fundamental, não foi expulso da escola.
Veja abaixo vídeo da agressão, gravado por celular por um dos alunos e postado no site Youtube:

Fonte: Jornal O Tempo Online /Youtube/TV Alterosa

A REPAGINAÇÃO DA SALA DE AULA

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Segundo os historiadores, as mudanças no campo das mentalidades são as mais demoradas, entretanto peço perdão aos colegas de ofício pela heresia que vou proferir, mas a sala de aula no quesito lentidão ganhou das mentalidades.
O designer e os utensílios da sala de aula – lousa, apagador e carteiras – sobreviveram à Revolução Francesa, a 1ª Guerra Mundial e nem mesmo a Revolução Russa e o surgimento do regime socialista os abalou.
A Pedagogia mudou, o livro passou a ser impresso em cores; os cadernos mudaram de tamanho; a pena foi substituída pela caneta tinteiro que por sua vez foi derrotada pela esferográfica; o lápis teve que dividir espaço com a lapiseira; o lápis de cor cedeu espaço ao hidrocor; o uniforme aderiu ao jeans – tênis – camiseta e já entrou na reta de extinção; os professores mudaram, mas o quadro e o giz continuaram firmes como rochas a contemplar todas as mudanças.
Confesso, temia morrer sem ver essa mudança, finalmente aos 51 anos, vejo um movimento neste sentido.
O século XXI é literalmente, o fim do mundo para a tríade quadro negro –giz – apagador, finalmente a informática está conseguindo mudar o cenário físico da sala de aula. Fiquei eufórica ao saber que cada aluno terá um computador, desejo ver, em cada sala de aula, um data show e um telão.
Aproveito a ocasião para pedir aos responsáveis pela gestão escolar, que aposentem também as carteiras, totalmente inadequadas para o porte físico da atual geração, é uma visão dantesca ver os alunos e alunas espremidos naquelas carteiras de fórmica duras e desconfortáveis, em longas filas, sem espaço, sequer para esticar as pernas. O trânsito em sala é uma verdadeira corrida de obstáculos em função das mochilas gigantescas, que por falta de espaço são colocadas no chão. Por falar em mochilas, já esta na hora de se colocar armários para os alunos guardar o material escolar! Quanto o custo, com certeza será ínfimo se comparado com o que, mais tarde, o Estado vai gastar na rede pública de saúde, com os problemas de coluna acarretados pelo peso descomunal que hoje, o estudante é obrigado a carregar. Até mesmo os usuários do sistema de transporte público, vão aplaudir essa medida, pois será um alívio não ter mais que enfrentar o caos produzido pelos estudante com mochilas no ônibus, no trem ou no metrô.
A mudança do espaço físico da sala de aula com a introdução da informática é um grande passo para a melhoria da qualidade da educação, contudo não basta dar um laptop para cada estudante, se ele continuar em um ambiente desconfortável. É fato comprovado cientificamente que as condições do ambiente influenciam o rendimento e o aproveitamento, mas até o momento em relação à educação isso foi ignorado, espero que essa vaga transformadora também traga uma solução para esse problema.


Escrevi e postei este artigo no Críticos do Mário, blog criado como exercício do curso Pilares da Educação Digital.

sábado, 10 de julho de 2010

SEQUELAS DA PROFISSÃO

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VERSÃO DO SERMÃO DA MONTANHA PARA EDUCADORES

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Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra disse-lhes:
- “Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque eles...”
Pedro o interrompeu:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?
André disse:
- É pra copiar no caderno?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?
João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
- E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...
Jesus deu um suspiro profundo, pensou em ir à sinagoga e pedir aposentadoria proporcional aos trinta e três anos. Mas, tendo em vista o fator previdenciário e a regra dos 95, desistiu.
Pensou em pegar um empréstimo consignado com Zaqueu, voltar pra Nazaré e montar uma padaria...
Mas olhou de novo a multidão. Eram como ovelhas sem pastor... Seu coração de educador se enterneceu e Ele continuou:
-“Felizes vocês, se forem desrespeitados e perseguidos, se disserem mentiras contra vocês por causa da Educação. Fiquem alegres e contentes, porque será grande a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram outros educadores que vieram antes de vocês”.
Tomé, sempre resmungão, reclamou:
- Mas só no céu, Senhor?
- Tem razão, Tomé - disse Jesus - há quem queira transformar minhas palavras em conformismo e alienação.. Eu lhes digo, NÃO! Não se acomodem. Não fiquem esperando, de braços cruzados, uma recompensa do além. É preciso construir o paraíso aqui e agora, para merecer o que vem depois...
E Jesus concluiu:
- Vocês, meus queridos educadores, são o sal da terra e a luz do mundo...


Abertura do Programa Rádio Vivo de 15/10/2009 - Rádio Itatiaia, Belo Horizonte - texto do professor Eduardo Machado.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

AUTORIDADES RECONHECEM QUE A APROVAÇÃO AUTOMÁTICA É PREJUDICIAL À EDUCAÇÃO

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Apesar do salário líquido de R$ 670,00 (sem plano de saúde, vale transporte e vale refeição), hoje estou me sentindo aliviada, finalmente a secretária de educação do Estado do Rio de Janeiro, Tereza Porto, reconhece publicamente o estrago feito pela aprovação automática: “Esses alunos que estão no ensino médio vieram da rede municipal em um cenário de aprovação automática e carência de professores*. Há anos os professores da rede municipal e da rede estadual, vem cantando essa pedra, pois não é possível ter bons resultados com “promoção continuada”.

O estado do Rio de Janeiro, um dos mais ricos da união, teve o pior desempenho de todos os tempos no Ideb, com média 2,8 ficou abaixo de estados mais pobres como a Paraíba, o Amazonas e o Acre. Caiu por terra os índices extraídos a fórceps ... Todo esse caos vem sendo construído há décadas, entendem agora a pressão pela produtividade? Quantidade e qualidade são coisas distintas.

Qualquer leigo sabe que para se construir o segundo andar de uma construção, a base e o primeiro andar têm que estarem concluídos, infelizmente nós professores do Ensino Médio nos sentimos como um pedreiro encarregado da construção do segundo pavimento a partir da estaca zero. Nem mesmo utilizando todo o ludismo prescrito pelos “experts” em educação esse milagre é possível. Com estudantes que não possuem as habilidades e competências que deveriam ter sido desenvolvidas na educação básica e nas séries iniciais, o trabalho dos professores do Ensino Médio é quase impossível, já estamos roucos de tanto insistir nesta questão, mas sempre as autoridades ignoram a realidade e jogam a culpa nos profissionais da educação. A figura do analfabeto funcional é uma realidade nas salas de aula do Ensino Médio da rede estadual, há muito tempo. Os estudantes chegam ao primeiro ano do ensino médio, viciados na aprovação automática, para eles basta à presença física na sala de aula para obter o diploma. A grande maioria não acha importante prestar atenção a uma explicação, participar de um debate, fazer exercícios e estudar para uma prova. Freqüentemente os alunos pedem ponto por presença, caderno em dia, trabalhos para “ajudar” e provas em dupla com consulta.

A precária alfabetização se revela na incapacidade para ler e interpretar um texto do livro didático, o desconhecimento do significado de palavras comuns da língua formal, como por exemplo, rural / urbano; escrita de nomes próprios com letras minúsculas; dificuldade para fazer uma cópia; desconhecimento quase total de mapas e assuntos relacionados à geografia; grande parte desconhece os algarismos romanos; cultura geral nula; dificuldades para ler jornais e revistas; poucos escrevem o nome completo, seja em um trabalho, teste ou prova; não têm o costume de usar caneta para a realização de testes ou provas e nem mesmo uma pesquisa básica a grande maioria consegue fazer.

Uma aula utilizando filme, PowerPoint com data show é totalmente desprezada, pois entendem que o professor/professora está com preguiça, enrolando para não dar aula. Qualquer recurso didático é encarado com desconfiança e descaso, pois aula mesmo, pra valer tem que ser cópia do quadro, quanto mais cheio melhor, na hora da explicação só uma minoria presta a atenção. Qualquer atividade proposta tem que valer pontos e mesmo assim poucos a realizam. Tentativas para fazer oficinas de interpretação de texto e redação, não dão em nada, pois eles consideram que nada disso é necessário, pois entendem que estudar é ir à escola, só com a presença o diploma está garantido.

Infelizmente a mídia carioca, preferiu dar destaque ao caso do goleiro Bruno, suspeito de ter assassinado a amante, do que ao genocídio do futuro de milhares de jovens cariocas promovido pela política educacional “factóíde” implementada pelo ex-prefeito César Maia, somente hoje, em 2010, o Estado vem a público condenar essa prática, que condenou e continua a condenar milhares de jovens a um futuro sem perspectivas. A edição noturna do RJ TV foi integralmente destinada ao caso Bruno, a repórter Sandra Moreira, saiu às ruas para entrevistar a “nação rubro-negra” sobre a onda de envolvimento de craques do Flamengo com o mundo crime. Nem uma palavra sobre a péssima qualidade da educação no Estado. Ninguém melhor do que a Rede Globo para ter consciência dessa realidade, há anos atrás, percebendo a queda de leitores do jornal o Globo, em função do analfabetismo funcional da população, lançou o jornal Extra, destinado ao público semiletrado, vende que é uma maravilha, a baixa qualidade da educação é lucrativa para a emissora, pois também rende dividendos para as ações do Criança Esperança e público para o Tele-curso.

Cabe ao futuro governador do Estado, sentar com o prefeito e juntos elaborarem um plano para tirar a educação pública do Estado deste buraco.
Mais na disputa entre educação e futebol, a chuteira vai vencendo o livro, enquanto o povo eufórico aplaudia a seleção, o MEC recomendou a aprovação automática nas séries iniciais, não só para as escolas públicas como para as privadas. Espero que a tragédia do Rio de Janeiro sirva de exemplo para todo o Brasil.

*http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,alunos-do-ensino-medio-do-rio-tem-as-piores-notas-do-sudeste,577709,0.htm