sábado, 29 de janeiro de 2011

Neoliberalismo se apropria da idéia de “inclusão” para privatizar a educação

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Nas duas últimas décadas, uma hegemonia discursiva sobre a educação se afirmou de modo penetrante. A narrativa neoliberal demonstrou extraordinária capacidade adaptativa ao assimilar as palavras-chaves do discurso que se apresentou como a sua crítica, concentrada na idéia de “exclusão e inclusão social” e educação.

Essa hegemonia discursiva incorpora, no sentido neoliberal, formulações, palavras e imagens provenientes das lutas e da produção de conhecimento na universidade e nas entidades acadêmicas. A incorporação dessas expressões ressignificadas confere ao discurso hegemônico uma embalagem “progressista”, dita pós-neoliberal, e amplia a sua eficácia ideológica.

Para melhor compreender a hegemonia neoliberal na educação é importante problematizar o pressuposto de que tal discurso é um caleidoscópio, marcado por mosaicos refeitos permanentemente. Existe uma hegemonia de sentidos que confere coesão e coerência ao discurso e, em termos materialistas, essa hegemonia tem de ser pensada considerando a correlação de forças entre as classes sociais. A despeito de nuances, os discursos pósmodernos, neodesenvolvimentistas e “pósneoliberais” não escapam do campo ideológico dominante. Seus fundamentos, diagnósticos e alternativas desembocam no mesmo campo, esboçado a seguir.

Diagnóstico: o sistema de educação público é ineficiente, de baixa qualidade, ministrado por professores desprovidos de responsabilidade social e indiferentes às múltiplas identidades dos pobres. É, em uma palavra, excludente. É, portanto, responsável pela exclusão social e pela pobreza. Como as políticas públicas centradas no Estado falharam, é preciso promover parcerias com a sociedade civil, em especial com as organizações imbuídas de responsabilidade social e comprometidas com o desenvolvimento sustentável. A participação da sociedade civil é indispensável para identificar os grupos vulneráveis de excluídos que precisam ser “empoderados” para que adquiram empregabilidade ou se afirmem como empreendedores, condições para a inclusão social e a cidadania e, assim, garantir a paz social e a governabilidade.

Alternativas: a melhoria da qualidade da educação tem de ser baseada em indicadores objetivos conferidos por sistema externo de avaliação que fundamentem as metas a serem alcançadas. O alcance das metas exige o envolvimento de novos parceiros da sociedade civil. Os docentes devem ser estimulados por meio de recompensas que envolvam toda a escola. Para ser inclusivo, é imprescindível que o ensino seja focado em competências condizentes com as múltiplas identidades dos pobres e produzam resultados práticos imediatos, como o alivio à pobreza.

Privatização da educação

Esse campo discursivo hegemônico desconsidera o capitalismo, as classes sociais, o bloco de poder e o padrão de acumulação do capital.Trata-se de uma sociedade civil composta de indivíduos e organizações de caráter neofilantrópico que manejam a educação de modo que ela naturalize as profundas desigualdades de classe e o desemprego estrutural, a expropriação e a hiperexploração. Ao focalizar a educação nas identidades, definidas muitas vezes por categorias importadas de outros contextos, contribui para implodir qualquer projeto de educação pública universal e unitária.

Essa agenda neoconservadora (“neo” pois incorpora perspectivas antes críticas) resulta da relação de classes característica do capitalismo dependente, tal como definido por Florestan Fernandes. A agenda é encaminhada localmente pelas frações locais da burguesia, que recontextualizam as formulações dos organismos internacionais.

Entre os intelectuais coletivos que contribuíram para sua recontextualização no país, cabe citar o Programa de Reforma Educativa na America Latina (PREAL/ USAID), o movimento “Brasil Competitivo” nos anos 1990 a meados da presente década e, mais amplamente, o “Compromisso Todos pela Educação”, a rigor, um lobby das grandes corporações dos setores financeiro, agro-mineral, comunicação, editorial, telefonia e informática.

A principal medida educacional do governo Lula, o Plano de Desenvolvimento da Educação, expressa a agenda dos setores dominantes, servindo de referência para que estados e municípios se lancem em corrida rumo às parecerias públicoprivadas, principalmente com organizações que lideram o “Todos pela Educação”, como Itaú-Social, Airton Senna, Roberto Marinho, Vitor Civita, entre outros.

A maior ameaça é que o referido movimento avance na política de que o Estado deve abandonar suas escolas públicas, ofertando-as à gestão privada. Esse risco é real e imediato, como se depreende das reivindicações do PMDB ao programa da nova presidente Dilma Rousseff:

a) “Estender o sistema do ProUni aos níveis fundamental e médio de ensino”. Assim, o repasse de verbas públicas para as entidades privadas-mercantis seria ampliado também para as escolas do ensino fundamental e médio.

b) “Fazer, a partir da transformação do ensino médio, uma revolução de qualidade do ensino público em todos os níveis. Adotar um ensino capacitador, com foco no básico – análise verbal (português) e análise numérica (matemática)”. Em suma, também no ensino médio, bastam as primeiras letras na velha fórmula reacionária: saber ler, escrever e contar.

A conclamação de Florestan Fernandes de que a luta pela educação pública requer um novo ponto de partida, feita por há mais de duas décadas, é mais atual que nunca. Os setores dominantes hegemonizaram o discurso educacional, conseguindo dirigir intelectual e moralmente vários setores sindicais e intelectuais do campo educacional. Os que vivem do próprio trabalho e são explorados precisam tomar a tarefa de “reinventar o público” como um desafio estratégico da classe, pois, caso contrário, os setores dominantes irão difundir as competências que convêm ao capital para mais de 55 milhões de crianças e jovens sem contraponto à altura.

Essas lutas devem estar articuladas com os setores democráticos e comprometidos com a educação pública nas universidades, escolas, entidades acadêmicas, pois envolvem uma áspera batalha de idéias. Seria um grave erro deixar de contar com a energia criadora de estudantes e professores que produzem conhecimento crítico. Mas não será a universidade que impulsionará esse movimento, daí a responsabilidade diferenciada dos trabalhadores e de suas organizações em propiciar espaços de produção de conhecimento novo em suas próprias organizações e em coletivos da classe, nos moldes das universidades populares cuja maior inspiração, entre nós, é a Escola Nacional Florestan Fernandes.



Roberto Leher- Professor da Faculdade de Educação da UFRJ

Fonte: http://www.mst.org.br/jornal/308/realidadebrasileira

Número: 308, Nov/Dez – 2010

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

SESSÃO NOSTALGIA 1959 x 2011

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Cenário 1: João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.

1959: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe.

2010: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com transtornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra lhe receita Rivotril. Se transforma num Zumbí. Os pais reivindicam uma indenização do estado e subvenção por ter um filho incapaz . Na semana seguinte o Psiquiatra está dando entrevista em um canal de TV é transformado em celebridade.

Cenário 2: Luis quebra o farol de um carro no seu bairro.

1959: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro... A Luis nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova "cagada", cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.

2010: Prendem o pai de Luis por maus tratos. O condenam a 5 anos de reclusão e, por 15 anos deve abster-se de ver seu filho. Sem o guia de uma figura paterna, Luis se volta para a droga, rouba a casa e os vizinhos para sustentar o vício, delinque, fica preso num presídio especial para adolescentes. Entra para uma facção criminosa e sessenta dias após libertado é morto numa guerra entre facções por pontos de vendas da droga. Na cobertura do JN, a mãe chora copiosamente e diz que seu filho era estudante e trabalhador.

Cenário 3: José cai enquanto corria no pátio do colégio, machuca o joelho. Sua professora Maria, o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...

1959: Rapidamente, João se sente melhor e continua brincando.

2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia e a cada terapia fica mais confuso e louco. Seus pais processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juízos. No Jornal da Band o Boris Casoy anuncia a falencia do ESTADO e faz apologia ao modelo americano.No dia seguinte a casa de Maria é invadida pelos vizinhos que querem fazer justiça.Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida...

Cenário 4: Disciplina escolar


1959: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos dava umas boa "mijada" e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.

2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo . Nosso velho vai até o colégio se queixar do docente e para consolá-lo compra uma moto para o filhinho que logo atropela uma senhora na faixa de pedestre.




domingo, 23 de janeiro de 2011

DESAGRAVO DO PROFº IGOR P. WILDMANN

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Amigos,


Embora há muito tempo desligado daquela instituição, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, fiquei profundamente consternado com o caso do universitário que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coração de seu professor, na cantina, em pleno horário escolar, à frente de todos.

Escrevi um desagravo e, em minha opinião, a pérfida ilusão vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos à violência moral e física.

Espero que, se concordarem com os termos, repassem adiante, sem moderação. A divulgação é livre.

Abraços

Igor

J’ACUSE !!!

(Eu acuso !)

(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.

(Émile Zola)

Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...)

(Émile Zola)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”.

Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca, com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia-a-dia, serão pressionados a dar provas bem tranquilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que, em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, frequentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os “cabeça-boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia-a-dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria.

Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas, agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.



Igor Pantuzza Wildmann

Advogado - Doutor em Direito. Professor universitário.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Docentes Reprovados por Alienação, Irresponsabilidade e Masoquismo.

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Sábado, 20:49, entro no Site Petição Pública para verificar a lista de assinaturas do abaixo-assinado que solicita para os professores o mesmo índice de reajuste aplicados aos vencimentos dos deputados e dos senadores.

Até o presente momento são míseras 15.151 assinaturas, perplexa me pergunto: onde estão os professores e professoras desse país? Será que:

a) Viajaram todos, para alguma região remota do espaço onde não há acesso à Internet?

b) Morreram todos de inanição em função dos baixo salários?

c) Enlouqueceram por causa das turmas superlotadas e foram internados em algum hospício?

d) Desertaram em massa do magistério e se alistaram na Legião Estrangeira?

Acho que nenhuma das opções acima serve de explicação para a baixa adesão da categoria a essa petição. No caso das passeatas a grande abstenção até pode ser justificada, mas não entendida pelo medo de ser vítima da truculência das tropas de choque, mas não assinar de um simples abaixo-assinado não tem desculpa, nada pode justificar essa atitude covarde. A falta de união da categoria é vergonhosa e criminosa.

Nas salas dos professores pelo Brasil afora, há choradeira por causa dos baixos salários, entretanto somente uma minoria faz alguma coisa para modificar essa realidade, a propósito são os que preferem a crítica e a ação ao choro.

Enfrentar as péssimas condições de trabalho, a violência cotidiana e o descaso das autoridades é doloroso a gente enfrenta e continua lutando, pois acreditamos na educação, mas agüentar o peso morto dos colegas alienados que passam o ano infernizando as nossa vidas, exaurindo as nossas combalidas reservas de bom astral choramingando por salários e não fazem *#@ nenhuma para melhorar a situação, é um castigo desumano que nenhuma categoria profissional merece. Isso não dá pra agüentar calada.

É duro constatar que o alto índice de reprovação na educação brasileira atinge também os professores nas disciplinas cidadania, consciência crítica, responsabilidade social e participação política. A grande maioria nestas disciplinas está definitivamente reprovada e na sua queda arrasta para o fundo do poço a minoria aplicada.

O episódio do abaixo-assinado me leva a concluir que a grande maioria dos docentes têm o prazer doentio de se fazerem de vítima, digo fazer mesmo, pois se fossem vítimas de fato, creio que a postura seria diferente.  São pessoas que estão se lixando para a educação, pois alguém que não defende nem seus próprios interesses não vai dar a mínima para os interesses dos outros, neste caso alunos e colegas. Seu sofrimento e sua indignação e seu coleguismo  não passam de fingimento. A reclamação é uma muleta para justificar a sua falta de interesse pela educação, chora pra disfarçar.  
Sempre fico indignada quando vejo as autoridades e a mídia falando que o magistério é uma profissão que só atrai para os seus quadros os fracassados, é com profunda tristeza que tenho que dar a mão à palmatória. Sou forçada a admitir que eles estão com razão, pois o bom profissional da educação tem por obrigação estar a par do que acontece à sua volta e ter consciência da realidade que o cerca.

Ninguém, que se intitule Professor/Professora, pode ignorar e concordar com o reajuste concedido aos parlamentares, o que é um afronta à toda a sociedade, considerando o vergonhoso salário mínimo fixado para 2011, como também não pode dizer que não teve conhecimento desse abaixo-assinado, pois o mesmo foi notícia nos principais jornais na versão impressa e na versão online. A falta de acesso à Internet, também não é desculpa, pois aqui no Rio de Janeiro, tanto na rede estadual quanto na rede pública, os docentes receberam laptops.

Dizer que não vai assinar porque isso não vai dar em nada, também não é aceitável, pois além da possibilidade econômica esse abaixo-assinado é uma oportunidade política magnífica, pois a categoria pode mostrar para a sociedade e para os políticos o peso e a importância da nossa categoria em um processo eleitoral.

Acorda pessoal! O que move político é voto! Nenhum político vai querer se indispor com possíveis eleitores.

Para aqueles que desconhecem a quantidade de votos necessários para eleger por exemplo, um senador vejam a lista abaixo.

Os dez senadores eleitos com maior número de votos:


Aloísio Nunes (PSDB-SP) - 11.176.204 votos

Marta Suplicy (PT-SP) - 8.298.963 votos

Aécio Neves (PSDB-MG) - 7.555.944 votos

Itamar Franco (PPS-MG) - 5.119.264 votos

Lindberg (PT-RJ) - 4.212.562 votos

Paim (PT-RS) - 3.895.822 votos

Walter Pinheiro (PT-BA) - 3.574.494 votos

Ana Amélia Lemos (PP-RS) - 3.401.241 votos
Lidice (PSB-BA) - 3.330.834 votos
Marcelo Crivella (PRB-RJ) - 3.331.637 votos

*Números divulgados pelo TSE até 23h57.


Fonte :Portal terra http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4715739-EI15311,00-Aloysio+e+o+senador+mais+votado+do+Brasil+veja+a+lista+dos+mais.html em 04/10/2010 – 00h30 – atualizado às 11h27


Se a nossa categoria fosse unida, consciente e politizada, teria um peso enorme nas votações relativas à educação. O poder político da categoria seria imenso a nível municipal, estadual e federal e nenhum político ignoraria os docentes, mas infelizmente somos fracos por causa dos colegas que sofrem da síndrome de Estocolmo, isto é, que idolatram os seus algozes e preferem se esconder atrás das lamurias em vez de lutar democraticamente por seus direitos, que sentem um prazer e mórbido de em serem visto como “coitadinhos” abrindo mão de sua cidadania.

Enfrentar as péssimas condições de trabalho, a violência cotidiana e o descaso das autoridades é doloroso a gente enfrenta e continua lutando, pois acreditamos na educação, mas agüentar o peso morto dos colegas alienados que passam o ano infernizando as nossa vidas, exaurindo as nossas combalidas reservas de bom astral choramingando por salários e não fazem *#@ nenhuma para melhorar a situação, é um castigo desumano que nenhuma categoria profissional merece. Isso não dá pra agüentar calada.

É duro constatar que o alto índice de reprovação na educação brasileira atinge também os professores, no caso de uma avaliação envolvendo cidadania, consciência crítica, responsabilidade social e participação política. A grande maioria nestas disciplinas está definitivamente reprovada e na sua queda arrasta a minoria aplicada.

Enquanto a mentalidade do “coitadinho” e o sadomasoquismo continuar sendo característica da grande maioria dos docentes brasileiros, a categoria continuar sendo massacrada e pisada por todos, pois quem não se dá ao respeito e não se valoriza, não merece respeito e valor.

Parabéns aos verdadeiros colegas que executaram a sua lição de cidadania e assinaram a petição.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

REFLEXÃO

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Cartaz espanhol de combate ao preconceito em relação aos trabalhadores estrangeiros.