quinta-feira, 16 de setembro de 2010

RECURSOS DIDÁTICOS - MATEMÁTICA

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A socialização de recursos didáticos é uma das propostas defendidas pelo Blog S.O.S. Educação Pública, pois acreditamos que a união da categoria é fundamental para o próprio desenvolvimento do profissional do docente.

Da mesma forma que compartilhamos os nossos problemas, devemos também dividir as nossas experiência com os colegas, pois o saber estagnado cria mofo e se perde.

Sugiro a todos, e em especial aos docentes de matémática, que façam uma visita ao Blog da Cris, educadora de Belo Horizonte e vejam a maneira criativa e divertida que ela encontrou para trabalhar a representação de frações e as frações equivalentes clicando aqui .

Docentes e População de Vespasiano (MG) unidos em defesa da Educação Pública

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Professores estaduais fazem manifestação contra demissões e remanejamentos em Vespasiano

Mateus Rabelo                                                                                                   15/09/2010 19h40


Moradores de Vespasiano, na região Metropolitana de Belo Horizonte, fizeram uma manifestação na noite desta quarta-feira (15) em frente a uma escola no município, contra a demissão e remanejamento de professores.

De acordo com a professora da escola, Núbia Araújo, mais de cem pessoas, entre moradores, professores e alunos de Vespasiano, além de alunos e representantes da comunidade de Venda Nova, estiveram no local protestando contra a medida.

Segundo outro professor, Ramón Teixeira, que é um dos demitidos, a escola estadual Cesec Vila Esportiva atende alunos de todas as idades em ensino supletivo fundamental e médio para mais de 900 pessoas. Cerca de 90% dos funcionários teriam sido remanejados ou demitidos, segundo o professor, no dia 8 de setembro.

A maior reclamação dos protestantes, segundo os professores, é porque as demissões e remanejamentos aconteceram justamente em período eleitoral, quando a legislação proíbe este tipo de atitude.

Apesar do tumulto provocado pela manifestação, de acordo com a Polícia Militar de Vespasiano, o protesto foi pacífico.

Por causa do horário da manifestação, a assessoria de comunicação do Governo do Estado, está tentando uma posição oficial da Superintendência de Educação, mas até o momento não deu retorno sobre as manifestações e denúncias dos professores.


domingo, 12 de setembro de 2010

Jovens não têm referências na ideologia neoliberal

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Frei Betto: Em nome de quê?

Autor de “A Mosca Azul – Reflexão sobre o Poder”

Rio - Muitos pais, professores e psicólogos se queixam de que parcela da juventude carece de referências morais. Inúmeros jovens mergulham de cabeça na onda neoliberal de relativização de valores. Tornam público o privado (vide YouTube), são indiferentes à política e à religião, praticam sexo como esporte e, em matéria de valores, preferem os do mercado financeiro.

A crescente autonomia do indivíduo, apregoada pelo neoliberalismo, faz com que muitos jovens se perguntem: em nome de quê devemos aceitar normas morais além das que decido que me convêm? E as adotam convencidos de que elas possuem prazo de validade tão curto quanto o hambúrguer da esquina.

Quem é hoje capaz de ditar o comportamento moral? A Igreja? A católica certamente não, pois pesquisas comprovam que a maioria de seus fiéis usa preservativo, não valoriza a virgindade pré-matrimonial e frequenta os sacramentos após contrair nova relação conjugal.

As evangélicas insistem no moralismo individual, sem olho crítico para o caráter antiético à natureza desumana do capitalismo. O Estado também não é, já que pauta suas decisões de acordo com o jogo do poder e o faturamento eleitoral.

O enunciador coletivo é o Mercado. Ele corrompe crianças por induzi-las ao consumismo precoce; os jovens ao seduzi-los a priorizar como valores a fama, a fortuna e a estética individual; e as famílias, através da hipnose televisiva.

As futuras gerações conhecerão a barbárie ou a civilização? A neurose da competitividade ou a ética da solidariedade? A globocolonização ou a globalização do respeito e da promoção dos direitos humanos?

Pais, professores e todos que se interessam pela juventude estão desafiados a dar resposta a essas questões.

Fonte: O Dia Online – Conexão Leitor – 12.09.10.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A SÍNDROME DO BACHAREL

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Independente da opinião de FHC, as obras de Gilberto Freyre explicam muito o ethos brasileiro.   Infelizmente, para a nossa desgraça e vergonha, os fatos confirmam o quanto Gilberto Freyre descobriu sobre a da alma brasileira.

Em pleno século XXI, o preconceito dos letrados continua firme e um canudo de bacharelado ainda é de suma importância e apesar da rejeição de FHC, a obra de Gilberto Freyre ainda é fundamental para se entender a mentalidade da nossa nação. Ainda tem muita gente que não tirou os pés nem a cabeça da Casa-Grande e da Senzala.

No país em que grande parte da população é analfabeta e a política educacional neoliberal transformou as escolas em fábricas de analfabetos funcionais, ao ler um texto enviado por uma amiga, lembrei-me de Gilberto Freyre e percebi o quanto ele tinha razão. Leiam o texto e tirem suas conclusões.

FOME DE MARINA

Por José Ribamar Bessa Freire*



Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: Lula é analfabeto. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, porque ela tem cara de quem está com fome. Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.

Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxundiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos.
Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a idéia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio. “Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel ?/ Deus docéu!/ Como ela é maldosa!”.

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para
cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não agüentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

“Tudo vira bosta”. Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee – a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, “o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta”.

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música – “Se Manca” - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca.”.

Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas “ Você vem” - ela faz autocrítica antecipada, confessando: “Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem? e faz piada”. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você”.

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, ela “ tem cara de professora de matemática e mete medo “?. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos,hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou!!!), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, il péte de santé.

O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil?

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.

Marina Silva, “a cara da fome”? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.


(*) José Ribamar Bessa Freire - Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)

domingo, 5 de setembro de 2010

CARTA ABERTA DOS PROFESSORES DE MENDES À POPULAÇÃO

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CARTA ABERTA A COMUNIDADE ESCOLAR

Mendes, 1º de Setembro de 2010.

Nós, Professores da Rede Municipal de Mendes, juntamente com o SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) estamos desde abril em negociação com a Prefeitura pelo pagamento do Piso Salarial Nacional, instituído por Lei Federal, no. 11.738/2008 a ser pago obrigatoriamente até janeiro de 2010, portanto, os governos tiveram 2 anos para se preparar e cumprir-la. Esclarecemos ainda, que o próprio Governo Federal aumentou a verba do FUNDEB para que isso fosse possível, apesar disso, já estamos em setembro e não conseguimos receber o Piso Nacional. Há três anos que não temos reajuste salarial, o que levou ao achatamento do nosso Piso Salarial para o Salário Mínimo.

O Prefeito Municipal, Senhor Rogério Riente e o Secretário de Fazenda, Senhor Davi Spíndola afirmaram na ultima audiência que a verba do FUNDEB é suficiente para pagar o Piso Nacional, ou seja, há dinheiro, mas que se encontram impedidos de efetuar esse pagamento por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois a folha está no limite do que pode ser gasto com pagamento de salários. O próprio Prefeito reconhece a contradição de descumprir uma Lei Federal devido à outra Lei Federal.

Estamos há meses nesse impasse da briga entre “o mar e o rochedo” e não nos cabe encontrar a solução, portanto, resolvemos em Assembléia do dia 1º./09/2010, reduzir o número de aulas na proporcionalidade daquilo que recebemos a partir do dia 08/09/2010 (4ª. Feira) pelo prazo de uma semana quando realizaremos nova assembléia (dia 15/09). Pedimos a compreensão e o apoio dos pais a nossa justa reivindicação.

Aproveitamos para reafirmar nosso compromisso com uma escola pública de qualidade para os nossos alunos.


sábado, 4 de setembro de 2010

PARA ONDE VAI O DINHEIRO DA EDUCAÇÃO V

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Dando continuidade ao levatamento do destino dos recursos destinados à Educação Pública, o Blog NaMaria News mostra a farra com o dinheiro público no Estado de São Paulo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A CRISE NA EDUCAÇÃO, PROVOCADA PELO NEOLIBERALISMO É MUNDIAL

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A crise vivida pela educação não é apenas um problema brasileiro. O aluno pobre, as escolas e os docentes que trabalham com essa parcela da população, hoje enfrentam os mesmos problemas em diversos países.

Tomei conhecimento dos problemas vivenciados pela categoria e a realidade dos alunos das camadas mais pobres em outros países, ao lecionar Educação Comparada, mas como tudo que é importante para desenvolver o senso crítico está desaparecendo nestes tempos neoliberais, esta disciplina foi retirada, com a reforma, do curso de Pedagogia, contudo mantive o hábito de acompanhar o andamento das práticas educacionais pelo mundo.

Hoje, nos países que adotaram a política educacional neoliberal, a qualidade da educação despencou, a vida dos docentes se tornou um inferno e os alunos de baixa renda estão condenados a uma vida sem expectativas, pois a adoção da progressão automática continua a inviabilizar um futuro melhor via educação. A situação na França, Portugal e Espanha é preocupante, em alguns casos é pior do que a nossa realidade, pois nestes a aplicação das medidas neoliberais estão algumas etapas à nossa frente. Quando escrevo sobre o assunto, pode parecer para alguns que estou adotando um tom apocalíptico, mas infelizmente não estou dando uma de Casandra, apenas relato o que pode acontecer aqui baseada no que acontece por lá.  

A educação no exterior segundo a  fala hipnótica dos lobbistas neoliberias e das autoridades obsecadas com o "mudernismo" estrangeiro, parece ser a oitava maravilha do mundo, modelo obrigatório e solução milagrosa para resolver todos os problemas da educação brasileira. Entretanto a realidade é bem diferente, como exemplo reproduzo  abaixo, um post publicado em um blog de Portugal chamado  Movimento Escola Pública,  falando do cotidiano escolar na França. 



Polícia começa a funcionar dentro das escolas francesas


A escola pública francesa continua à margem do progresso verificado ao longo das últimas décadas. O seu sistema de ensino é um dos que produz maior exclusão, revolta e conflitos.


Nenhum governo até hoje se mostrou interessado em inverter esta política, para além da verborreia do PS, que também aqui conhecemos.

Com a chegada de Sarkozy ao poder tudo se agravou. A decisão de eliminar postos de trabalho de professores degrada a qualidade do ensino. As novas contratações têm características que já conhecemos: precariedade e falta de formação profissional: redução drástica de salários e direitos.

A política neoliberal agressiva de Sarkozy lança agora novas achas para a fogueira: pela primeira vez na história do ensino, o ano lectivo começa com um programa de instalação de polícias dentro das escolas. Para já são 53 estabelecimentos do básico e secundário, por um período experimental de 3 anos. Esta medida segue-se a outra que permite aos encarregados de educação fazer a chamada “livre escolha” de escola, independentemente da área de residência. Não por acaso os estabelecimentos que passam a contar com polícias (armados !) no seu interior situam-se nos bairros pobres, chamados pelo ministério da educação francês “bairros difíceis ou Zonas de Educação Prioritária” (em Portugal chamam-se TEIPs - Territórios Educativos de Intervenção Prioritária).

A apreensão está a generalizar-se: por um lado a polícia vai poder interrogar directamente alunos menores de idade, sem o consentimento dos pais, violando as regras da justiça; por outro vai poder sobrepor-se aos próprios órgãos e métodos pedagógicos, fundamento da própria escola e da formação de crianças e jovens.

Os directores de escolas que não aceitarem a polícia no seu interior “terão que assumir as responsabilidades”, ameaçou o presidente francês. O sindicato dos directores rejeita esta política e alerta: “uma escola não é uma esquadra de polícia”.

Mais informação em “Le Monde”, edição em papel datada de 2/9/2010.


Publicada por Movimento Escola Pública em 02:06
 

Outro exemplo, que volto a publicar, é carta escrita por um docente português a qual poderia ser escrita por qualquer docente brasileiro, pois os problemas são idênticos.
 
Senhor Presidente da República Portuguesa,


Excelência:


Disse V. Ex.ª, no discurso do passado dia 5 de Outubro, que os professores precisavam de ser dignificados e eu ouso acrescentar: "Talvez V. Ex.ª não saiba bem quanto!"

1. Sou professor há mais de trinta e seis anos e no ano passado tive o primeiro contacto com a maior mentira e o maior engano (não lhe chamo fraude porque talvez lhe falte a "má-fé") do ensino em Portugal que dá pelo nome de Cursos de Educação e Formação (CEF).
A mentira começa logo no facto de dois anos nestes cursos darem equivalência ao 9.º ano, isto é, aldrabando a Matemática, dois é igual a três!

Um aluno pode faltar dez, vinte, trinta vezes a uma ou a várias disciplinas (mesmo estando na escola), mas com aulas de remediação, de recuperação ou de compensação (chamem-lhe o que quiserem, mas serão sempre sucedâneos de aulas e nunca aulas verdadeiras como as outras) fica sem faltas. Pode ter cinco, dez ou quinze faltas disciplinares, pode inclusive ter sido suspenso que no fim do ano fica sem faltas, fica puro e imaculado como se nascesse nesse momento.

Qual é a mensagem que o aluno retira deste procedimento? Que pode fazer tudo o que lhe apetecer que no final da ano desce sobre ele uma luz divina que o purifica ao contrário do que acontece na vida. Como se vê claramente não pode haver melhor incentivo à irresponsabilidade do que este.

2. Actualmente sinto vergonha de ser professor porque muitos alunos podem este ano encontrar-me na rua e dizerem: "Lá vai o palerma que se fartou de me dizer para me portar bem, que me dizia que podia reprovar por faltas e, afinal, não me aconteceu nada disso. Grande estúpido!"

3. É muito fácil falar de alunos problemáticos a partir dos gabinetes, mas a distância que vai deles até às salas de aula é abissal. E é-o porque quando os responsáveis aparecem numa escola levam atrás de si (ou à sua frente, tanto faz) um magote de televisões e de jornalistas que se atropelam uns aos outros. Deviam era aparecer nas escolas sem avisar, sem jornalistas, trazer o seu carro particular e não terem lugar para estacionar como acontece na minha escola.

Quando aparecem fazem-no com crianças escolhidas e pagas por uma empresa de casting para ficarem bonitos (as crianças e os governantes) na televisão.
Os nossos alunos não são recrutados dessa maneira, não são louros, não têm caracóis no cabelo nem vestem roupa de marca.

Os nossos alunos entram na sala de aula aos berros e aos encontrões, trazem vestidas camisolas interiores cavadas, cheiram a suor e a outras coisas e têm os dentes em mísero estado.
Os nossos alunos estão em estado bruto, estão tal e qual a Natureza os fez, cresceram como silvas que nunca viram uma tesoura de poda. Apesar de terem 15/16 anos parece que nunca conviveram com gente civilizada.

Não fazem distinção entre o recreio e o interior da sala de aula onde entram de boné na cabeça, headphones nos ouvidos continuando as conversas que traziam do recreio.
Os nossos alunos entram na sala, sentam-se na cadeira, abrem as pernas, deixam-se escorregar pela cadeira abaixo e não trazem nem esferográfica nem uma folha de papel onde possam escrever seja o que for.

Quando lhes digo para se sentarem direitos, para se desencostarem da parede, para não se virarem para trás, olham-me de soslaio como que a dizer "Olha-me este!" e passados alguns segundos estão com as mesmas atitudes.

4. Eu não quero alunos perfeitos. Eu quero apenas alunos normais!!!
Alunos que ao serem repreendidos não contradigam o que eu disse e que ao serem novamente chamados à razão não voltem a responder querendo ter a última palavra desafiando a minha autoridade, não me respeitando nem como pessoa mais velha nem como professor. Se nunca tive de aturar faltas de educação aos meus filhos porque é que hei-de aturar faltas de educação aos filhos dos outros? O Estado paga-me para ensinar os alunos, para os educar e ajudar a crescer; não me paga para os aturar! Quem vai conseguir dar aulas a alunos destes até aos 65 anos de idade?

Actualmente só vai para professor quem não está no seu juízo perfeito mas, se o estiver, em cinco anos (ou cinco meses bastarão?...) os alunos se encarregarão de lhe arruinar completamente a sanidade mental.

Eu quero alunos que não falem todos ao mesmo tempo sobre coisas que não têm nada a ver com as aulas e quando peço a um que se cale ele não me responda: "Porque é que me mandou calar a mim? Não vê os outros também a falar?"

Eu quero alunos que não façam comentários despropositados de modo que os outros se riam e respondam ao que eles disseram ateando o rastilho da balbúrdia em que ninguém se entende.
Eu quero alunos que não me obriguem a repetir em todas as aulas: "Entrem, sentem-se e calem-se!"

Eu quero alunos que não usem artes de ventríloquo para assobiar, cantar, grunhir, mugir, roncar e emitir outros sons. É claro que se eu não quisesse dar mais aula bastaria perguntar quem tinha sido e não sairia mais dali pois ninguém assumiria a responsabilidade.

Eu quero alunos que não desconheçam a existência de expressões como "obrigado", "por favor" e "desculpe" e que as usem sempre que o seu emprego se justifique.

Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente "Mas o que é que este quer agora?" e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.

Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lhes peço para terminar esse contacto com o exterior pois esses alunos "não estão na sala", estão com a cabeça em outros mundos.

Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?

Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho, gostaria que os alunos, ao saírem da sala, não as amarrotassem e as deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem "esquecidas" em cima da mesa.

Nos últimos cinco minutos de uma aula disse aos alunos que se aproximassem da secretária pois iria fazer uma experiência ilustrando o que tinha sido explicado e eles puseram os bonés na cabeça, as mochilas às costas e encaminharam-se todos em grande conversa para a porta da sala à espera que tocasse. Disse-lhes: "Meus meninos, a aula ainda não acabou! Cheguem-se aqui para verem a experiência!", mas nenhum deles se moveu um milímetro!!!

Como é possível, com alunos destes, criar a empatia necessária para uma aula bem-sucedida?
É por estas e por outras que eu NÃO ADMITO A NINGUÉM, RIGOROSAMENTE A NINGUÉM, que ouse pensar, insinuar ou dizer que se os meus alunos não aprendem a culpa é minha!!!

5. No ano passado tive uma turma do 10.º ano de um curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.

Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10.º ano!!!

Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos, só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!

6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares, até famílias irresponsáveis.

Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para "tirar o 9.º ano".

Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola....

E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E porque é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de 90 e de 45 minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!

7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar (o verbo é mesmo esse, "enfrentar", já que de uma luta se trata...), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.

Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9.º ano, mas a um bacharelato...).

É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender "dói"! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.

Se V.Ex.ª achar que eu sou pessimista e que estou a perder a sensibilidade por estar em contacto diário com este tipo de jovens, pergunte a opinião de outros professores, indague junto das escolas, mande alguém saber. Mas tenha cuidado porque estes cursos são uma mentira...

Permita-me discordar de V. Ex.ª mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo...


Atenciosamente


Domingos Freire Cardoso





quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PROGRESSÃO CONTINUADA & ANALFABETISMO FUNCIONAL

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Progressão continuada alastra analfabetismo funcional em SP, afirmam professores


O avanço sucessivo e sem interrupções dos alunos da rede pública no estado de São Paulo preocupa docentes. Jovens chegam ao ensino médio e à universidade com dificuldades para ler e escrever

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual

São Paulo - Na sala de reuniões de uma escola da rede pública estadual de São Paulo, a professora de Língua Portuguesa Paula* comemora a evolução de um aluno da sexta série do ensino fundamental. "Ele escreveu o nome na capa do trabalho", mostra a docente a três colegas e à reportagem da Rede Brasil Atual. Ele começou a ler e escrever apenas neste ano. Até o início de 2010, o garoto de 12 anos sequer abria o caderno, afirma Cristina*, responsável pela disciplina de Biologia. A professora conta que não é difícil detectar os alunos considerados "analfabetos funcionais". "Ou ele avisa ou, na primeira leitura, eu vou perceber", indica a docente.

O principal motivo para esse tipo de deficiência de aprendizado está, na visão dos docentes ouvidos pela reportagem, no sistema de progressão continuada, em que o aluno precisa apenas se fazer presente em sala de aula para ser aprovado automaticamente. No máximo, os alunos podem ser retidos na quarta série, por um ano, depois eles vão seguir, mesmo sem o conhecimento necessário. Os entrevistados ainda apontam problemas de infraestrutura, de salário e distanciamento das famílias.

"É comum 30% dos alunos da sexta série não saberem ler e escrever", detecta Paula*, professora de Língua Portuguesa há 21 anos no magistério. A aprovação ano após ano, sem avaliação do conteúdo dominado pelo aluno permite que muitos estudantes terminem o ensino médio sem terem o conhecimento mínimo necessário, alerta Tomé Ferraz, professor de física e matemática das redes municipal e estadual de São Paulo.

"É a aprovação a qualquer custo", identifica. "Em São Paulo, a educação são dados estatísticos, é porcentagem para lá, porcentagem para cá, mas não se analisa como o aluno está terminando o ensino médio. Depois ele vai ser só mais um diploma", analisa o professor.

Paula conta que utiliza, nos primeiros dias de aula nas sextas séries em que leciona, ditado e produção de textos como ferramentas. A percepção do problema não demora. "Geralmente tem criança que entrega em branco, não sabe fazer nada do ditado", aponta. "Se eles vão escrever, por exemplo, 'bala', eles colocam qualquer letra", descreve.

Apesar de lecionar Biologia, Cristina faz um esforço pessoal para trabalhar a alfabetização com os alunos cuja atuação esteja comprometida. "Se eu alfabetizei meu filho de quatro anos, eu vou conseguir com um garoto de 12", afirma. Ela cita que os alunos têm enorme dificuldade com sílabas complexas como "tra" e "pla". "Eles conhecem formações silábicas básicas somente", acentua.

Na hora de avaliar alunos de sexta série, sem condições de ler e escrever com fluência, Cristina utiliza métodos diferenciados do restante da classe. "Faço avaliação com prova oral e análise comportamental, afinal se ele não compreende o teor da prova não consegue responder. Uma avaliação escrita envolve habilidade de leitura e escrita", explica.

Analfabetismo funcional

  • Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco), analfabeto funcional é a pessoa que sabe escrever seu próprio nome, assim como ler e escrever frases simples, efetua cálculos básicos, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas, dificultando seu desenvolvimento pessoal e profissional. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair o sentido das palavras, colocar ideias no papel por meio da escrita, nem fazer operações matemáticas mais elaboradas. 
Sem compreender bem o conteúdo das disciplinas, o aluno de Cristina e Paula, que iniciou o ano sem estar alfabetizado, também se mostra desmotivado. Em uma única aula de biologia de 50 minutos, Cristina pediu atenção ao garoto pelo menos cinco vezes.

Sem coerência

Rosana Almeida, professora de sociologia da rede pública estadual, enfrenta problema semelhante com alunos do 1º ano do Ensino Médio. "Eles conseguem construir a palavra, mas não a frase", diz. "Nós professores temos de aceitar que se a ideia dele foi certa, ele vai ser aprovado", critica. "O jovem entendeu o que você explicou, mas não sabe escrever".

O motivo para haver uma parcela significativa de alunos que chegam ao ensino médio sem estar devidamente alfabetizados envolve, de um lado, alunos com problemas de deficiência intelectual e, de outro, o "abandono" do sistema educacional, na visão da professora. "Você tem uma sala superlotada, a professora trabalha com quem sabe ler e escrever e quem não sabe vai ficando para trás", expõe Paula.

Entre os principais problemas dos alunos que chegam ao ensino médio, Rosana cita que "não existe mais gramática, nem conjugação de verbo". Quando a professora pede para os alunos produzirem um texto, surge resistência. "Chega na quinta (série) não sabe escrever e não consegue acompanhar, passa para a sexta, sétima e oitava. Na oitava, tem um índice de indisciplina altíssimo porque ele, de novo, não consegue acompanhar", sustenta.

Paula confirma que os alunos que têm essa dificuldade acabam fazendo mais bagunça. "São os mais indisciplinados. Por não saberem nem ler, nem escrever eles não entendem nada, não participam da aula; o que resta é ficar bagunçando", desabafa. "No ensino médio, os estudantes produzem jogos de palavras sem sentido, sem coerência e coesão. Isso tem bastante, até na universidade", completa.

O motivo para haver uma parcela significativa de alunos que chegam ao ensino médio sem estar devidamente alfabetizados envolve, de um lado, alunos com problemas de deficiência intelectual e, de outro, o "abandono" do sistema educacional, na visão da professora. "Você tem uma sala superlotada, a professora trabalha com quem sabe ler e escrever e quem não sabe vai ficando para trás", expõe Paula.

Em matemática o problema se repete, jovens dominam as contas básicas, mas não sabem porcentagem, por exemplo. "Elas têm a capacidade de raciocínio lógico, mas fazer a conta para chegar ao resultado, as crianças não sabem", pontua Rosana.

Problema adiado

De 30 alunos da rede municipal da capital paulista, Tomé calcula que só dois teriam condição de estar no Ensino Médio, levando em conta o conhecimento em matemática. "Em física então, os professores vão ter muito problema, no ensino médio", relata. Para o docente os alunos da rede pública de São Paulo que se formarem serão "alguns no turbilhão".

Progressão continuada ou aprovação automática?

A progressão continuada, adotada a partir de 1998 em São Paulo, é um procedimento utilizado pela escola que permite ao aluno avanços sucessivos e sem interrupções, nas séries, ciclos ou fases, de acordo com a Agência EducaBrasil.

Para especialistas, é uma metodologia pedagógica avançada por propor uma avaliação constante, contínua e cumulativa, além de basear-se na ideia de que reprovar o aluno sucessivamente não contribui para melhorar seu aprendizado. 

Sua aplicação, porém, transformou-se em sinônimo de "aprovação automática" dos alunos, segundo muitos professores e analistas. 

Essa ideia leva em conta que a progressão foi adotada, no Brasil, sem se mudar as condições estruturais, pedagógicas, salariais e de formação dos professores.


Eduardo*, professor universitário, mestrando e pesquisador da geração Y – jovens nascidos a partir de 1980 –, analisa que os estudantes são vítimas de um círculo vicioso fatal para a vida profissional futura. A dificuldade inicial em ler e escrever, transforma-se em dificuldade de compreensão, de reunir informações e de se expressar diante do mundo, conceitua.

"Se o aluno não compreende frases inteiras, como ele vai resolver questões de matemática?" questiona. "Eles até sabem que 3 x 5 é 15, mas se você colocar na prova quanto é o triplo de 5 mais o dobro de 20, ele não vai saber", exemplifica. "Se questões básicas não estão resolvidas, a estrutura fica afetada e o conhecimento que vem depois não se concretiza", alerta Eduardo.


*Os nomes de alguns professores foram trocados a pedido dos entrevistados.