O avanço da iniciativa privada na área da educação é um assunto que poucos docentes prestam atenção. Quase ninguém se dá ao trabalho de conhecer os “novos projetos” que caem de pára-quedas dentro da escola. Quase ninguém se dá ao trabalho de verificar quais são as instituições que estão por trás dessas iniciativas e muito menos o quanto de dinheiro público está indo para estas instituições.
As autoridades alegam que falta verba para pagar um salário decente aos docentes, entretanto há verba para ser gasta com empresas privadas. O custo desses projetos são altos, estou fazendo um levantamento e em breve postarei mais um artigo sobre o assunto, neste post há um exemplo.
A privatização dos serviços públicos é uma meta da política neoliberal, depois da crise do ano passado, a palavra globalização e neoliberalismo foram banidas da imprensa, entretanto a implantação dessa política segue ativa na área educação em todo o país.
Os resultados são tão bons que a Sangari Brasi,l criada em São Paulo em 1997, pelo inglês Ben Sangari, membro de uma família de empresários que atuam no ramo da educação em diversos países, deslancha em 2007 quando a Secretaria de Educação do DF adotou o CTC – Ciência e Tecnologia com Criatividade, agora chamada de “Ciência em Foco”. Hoje, a empresa que é associada ao grupo internacional da família já tem sede nos EUA e na Argentina. Além do DF são clientes da Sangari e usam o CTC a Prefeitura do Rio de Janeiro a partir de 2009 com o nome de “Cientistas do Amanhã” e Prefeitura de Botucatu (SP), que adotou o CTC em 2010 batizado de “Ciência para a Gente”.
Exemplificam a lucratividade e o objetivo dessa empresa, dois artigos, o primeiro foi publicado no site do SEPE REGIONAL III e o segundo é da Gazeta Mercantil e foi publicado em 2004.
Empresa faz contrato milionário com a prefeitura do Rio, é a privatização da educação Paes entrega à Sangari o ensino científico
das escolas ditas “do amanhã”
Privatização do ensino de ciências
Paes está desenvolvendo vários projetos pilotos com a iniciativa privada. Pretende entregar aos poucos a educação municipal, aos gananciosos empresários que vem em busca do orçamento bilionário da prefeitura.
A Sangari é um bom exemplo do como fazer para se “dar bem” com o dinheiro público.
Primeiro tem contratos milionários e sem licitações em todo o Brasil. Depois sabe bem como “convencer” nossos políticos a contratá-la para a “prestação de serviços”. Veja o contrato milionário e sem licitação feito entre a prefeitura de Paes e a empresa, publicado em D.O.:
DIARIO OFICIAL DA PREFEITURA RIO.
Republicação em 09/09/09. 1. Partes: PCRJ/SME e SANGARI DO BRASIL LTDA 2. Fundamento: Inexigibilidade de Licitação Artigo 25, 3. Razão: Implementação do Programa CTC-Ciência E Tecnologia com Criatividade para os alunos do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação 4.VALOR: R$ 67.478.464,47 5. Autorização: Paulo Roberto Santos Figueiredo . 6. Ratificação: Cláudia Costin.
Fonte: http://www.seperj.org.br/site/
Fonte: http://www.seperj.org.br/site/
25.04.2002
Sangari busca lucros com a educação
A Sangari, multinacional especializada em educação fundada há 37 anos em Cambridge, na Inglaterra, elegeu o Brasil como o seu principal mercado. No País desde 1997, a empresa faturou R$ 10 milhões no ano passado com vendas de soluções na área educacional. Quer pelo menos dobrar esta cifra este ano, e chegar a R$ 50 milhões em 2003.
A meta, segundo o presidente da Sangari do Brasil, Ben Sangari, é alcançar o patamar de US$ 220 milhões em 2005 - o equivalente ao faturamento global atual da empresa, que atua em 13 países. Para conseguir isso, a estratégia é transformar o Brasil em base para entrar em outros países da América Latina.
Aqui, a Sangari acaba de "montar" sua maior vitrine - uma fábrica modelo CIM (Computer Integrated Manufacturing, ou Fabricação Integrada por Computador), um sistema que reproduz todas as etapas do processo produtivo em qualquer segmento industrial. Está focada em todas as áreas da engenharia, principalmente automação, eletrônica, mecânica básica e tecnologia de solda.
O objetivo é levar estudantes, além de empresas de manufatura, a testar processos, criar ou melhorar tecnologias, simular situações com vistas a melhorar a produtividade e aperfeiçoar a qualidade do produto.
Totalmente automatizada, a fábrica está instalada no Senai/ Cimatec - Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia, implantado em Salvador pela Federação das Indústrias da Bahia. O Centro oferece curso técnico em mecatrônica (a união entre as engenharias mecânica, elétrica e computação), faz pesquisa aplicada em parceria com universidades, presta serviços tecnológicos e, desde a última terça-feira, conta com um curso de pós-graduação em engenharia automotiva em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o governo do estado e a Ford.
"A fábrica é a síntese, na prática, de tudo isso. É o mais moderno e completo sistema existente hoje no mundo, só contando com alguma coisa similar em Cingapura.
Pode inclusive ser operada remotamente, de casa", disse Herman Lepikson, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFBA e colaborador do projeto Cimatec. A Sangari venceu a licitação para fornecimento e integração de todos os equipamentos da CIM, fabricados pela israelense Degem, da qual a empresa inglesa é representante exclusiva no Brasil.
A fábrica custou cerca de R$ 2 milhões. Mas a empresa não se restringe a tecnologia, atingindo todas as áreas do conhecimento, desde a pré-escola. Fornece soluções completas de educação, ou programas específicos, a exemplo do CTC - Ciência e Tecnologia para Crianças.
Treina professores em todos os níveis - mantém em São Paulo uma parceria com a Escola do Futuro - USP, dedicada ao estabelecimento de instalações conjuntas para a condução de pesquisas pedagógicas e programas para o desenvolvimento de professores. No País inteiro, mantém centenas de contratos, com escolas particulares e também públicas.
Fonte: Gazeta Mercantil
Disponível em: http://www.universia.com.br/noticia/materia_clipping.jsp?not=728
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