Aprendi que a cidadania é uma espécie via com mão dupla, ser cidadão é respeitar o direito alheio e ter seus direitos respeitados.
Infelizmente, dentro das escolas a cidadania funciona está funcionando como uma via de mão única. Os alunos têm seus direitos respeitados, contudo não respeitam o direito dos colegas, docentes e funcionários.
Diante desse quadro, a educação pelo exemplo deixa de existir, pois a negação sistemática do direito do outro, está produzindo uma categoria de cidadãos condicionados ter somente direitos sem qualquer noção de deveres.
Os docentes quando desrespeitados devem ignorar seus direitos, pois nada vai acontecer ao aluno que o desrespeitar. Essa prática é responsável pelos “acessos de fúria”, a cada dia mais comum nas salas de aula, os quais recebem ampla cobertura da mídia. Vários estudos comprovam que o número elevado de licenças médicas solicitado pela categoria tem relação direta com o desrespeito e a violência cotidiana enfrentadas pelos docentes em sala de aula.
A crise nervosa do professor de geografia da Escola Estadual Ismael Iglesias - Caraguatatuba, SP. Sérgio de Lima, durante a aula de terça-feira, ganhou destaque em vários jornais. Segundo as reportagens ele xingou os alunos, quebrou uma porta depredou algumas carteiras e empurrou uma colega de trabalho, seu desabafo foi gravado por um aluno no celular:
"Eu estou de saco cheio desta escola. Eu estou de saco cheio de vocês. Eu estou de saco cheio com a senhora, de tudo o que a senhora me aprontou. Eu estou doente! Cambada de... Sai, sai, sai da minha frente!", disse o professor, que teria ainda quebrado uma porta e empurrado uma professora.
Em entrevista dada em 30.09.10, Sérgio de Lima admite a crise e a depredação das carteiras, mas nega que tenha xingado os alunos. Antes da crise fez três pedidos de licença médica, mas todos foram negados pela SEEESP. Alegou que esta sendo perseguido pela diretoria da escola por ser sindicalizado, citando a gravação feita pelo aluno como evidência. Afastado para tratamento declara que pretende deixar o magistério.
A impunidade quando o agressor é o aluno, também é manchete hoje na mídia. Ontem, 30.09 na região metropolitana de Vitória-ES, a aluna Raquel Ramos (20 anos), agrediu violentamente Rita Cacer, coordenadora da escola ao ser solicitada a trocar o short por uma bermuda. Rita teve a sua blusa rasgada, seu cordão partido e ficou com o colo marcado pelas unhas da aluna. Apesar do caso ter sido levado até à delegacia, hoje a aluna voltou a freqüentar a escola normalmente.
O que pode acontecer com um professor ou funcionário de uma escola que tenha que trabalhar com um aluno de 12 anos, detido duas vezes por roubo, responsável por atirar uma bomba caseira, feita com uma banana de dinamite de 30 cm dentro do pátio de um quartel da PM? Se você respondeu que será xingado, agredido com chutes e socos e será ameaçado de morte, acertou. Essa foi à situação vivida, no dia 09.09.10, por um coordenador, também do Espírito Santo, ao pedir que o aluno retirasse o boné. Veja a reportagem completa.
A violência a cada dia aumenta dentro dos muros da escola, a polícia militar tem colete à prova de balas, usam capacetes e tem blindados, os populares caverões, nós professores temos apenas a cara e a coragem... Se nada for feito, daqui a pouco vamos teremos que incluir na nossa extensa lista de reivindicações às Secretarias de Educação para nos dar “armaduras-caverão”
Será que as autoridades e a sociedade não estão vendo o perigo dessa tolerância irresponsável?
Graça:
ResponderExcluirFico assustada com rumo que as coisas vão tomando. Professor nessa sociedade é tratado como um criminoso, um pária, um proscrito. Estou chegando a essa conclusão. Logo eu que sempre acreditei e acredito no poder da educação para transformação da sociedade. Também estou sendo perseguida aqui. Peguei um balão de sete dias. Já acionei o Sindicato, mas o desgaste é muito grande. Não sei onde isso tudo vai parar. Precisamos ter forças para continuar a luta.
Um grande abraço da Silvia.
Tanto as autoridades, quanto a sociedade está vendo a tudo pode apostar, porém para que seja relevante para as autoridades o problema teria que atingir a eles diretamente e não é isso que acontece, quem sofre somos nós e mais ninguém.
ResponderExcluirOs funcionários das SEEs trabalham confortavelmente em suas salas com ar condicionado e somente se preocupam em encontrar formas de sobrecarregar mais ainda nossos ombros com mil planos que só funcionam no papel, isso quando funcionam. São burocratas que não entendem nada de aluno ou a realidade de uma sala de aula e estão preocupados em mostrar "serviço" para justificar os altos salários. Tive um problema sério com a SEEMG e aprendi uma coisa. NÓS DEVEMOS FAZER VALER NOSSOS DIREITOS e parar de esperar que as autoridades façam isso por nós. Se for preciso processe o Estado, Se os superiores estão perseguindo acuse de assédio moral, se precisar registre queixa na polícia contra o aluno e os pais dele. Ninguém vai fazer nada por nós além de nós mesmos, ninguém, não duvide.
Há muito tempo nós estamos sós e já é hora de nos unirmos de verdade...
Abraços.