O uso da Internet como ferramenta à serviço da educação ainda é incipiente. Como todas as invenções humanas, o seu uso imediato não está sendo feito só de maneira positiva, vale lembrar que a Internet surgiu para atender às necessidades da Guerra Fria. Ao sair da esfera militar a rede caiu direto no colo da exploração capitalista e rapidamente se consolida como um instrumento de lucros, quem não se lembra do frenesi das empresas Ponto.com?
A pornografia encontrou nela o seu “caminho para as Índias”, infelizmente a pedofilia também, fora outros usos nocivos que a mente humana desviada para o mal inventou, inventa e inventará.
Politicamente, se tornou uma vitrine para a propaganda nas eleições que levaram Obama ao poder, e com o atraso peculiar que as novidades chegam por aqui, vimos o quanto ela pode fazer, para o bem e para o mal, em uma campanha eleitoral.
A utilização da rede pela educação ainda padece da maldição das novidades, ferramenta eficaz para o desenvolvimento de pesquisas, no momento é responsável pelo fenômeno da terceirização do trabalho escolar para o desespero da maioria dos docentes.
Antes que algum tecnocrata pós-moderno me acuse de ser uma professora jurássica, esclareço que só não uso mais a informática, pelo fato da informatização das escolas ainda estar na fase inicial. Já tenho aulas prontas com passeios virtuais em museus, só estou esperando a banda larga chegar à sala de aula, ou então os laboratórios de informática instalados possuírem capacidade para abrigar todos os alunos, lembre-se que as turmas têm normalmente de 35 a 50 alunos, já peguei algumas com mais. Todas as minhas aulas são montadas em cima de pesquisa com fontes documentais e já tenho condições de dar todo o conteúdo previsto para o Ensino Médio utilizando os aplicativos oferecidos pela informática. Só falta mesmo a estrutura das escolas permitirem. Até o presente momento ainda não fiz meu mestrado, pois estou esperando um na área de informática voltado para o desenvolvimento de material didático. Confesso que nunca me animei a estudar para exibir título, definitivamente não sofro da “síndrome do bacharel” que contamina a elite da casa-grande, estudo sim, com a maior disposição para obter conhecimento que tenha utilidade prática para mim e para a sociedade, pra enfeitar parede com diploma, não!
Aos poucos a rede está se tornando uma poderosa ferramenta para a educação e os educadores, falo dos blogs de educadores que estão pipocando na rede. Dia a dia, mais professores brasileiros estão descobrindo essa ferramenta e interagindo com os colegas, expondo suas idéias, os seus anseios e o desejo por uma educação pública de qualidade. Através do blog posso ter contato com educadores de várias regiões do Brasil e dividindo experiências aprender muito com todos os colegas de ofício e de cruz. Descobrimos que todos nós sofremos com os mesmos problemas e estamos diante dos mesmos impasses.
A blogosfera está se tornando um espaço para se discutir e pensar a educação nacionalmente, está a grosso modo, fazendo com a educação o mesmo que a televisão fez nos anos 70, com os costumes em matéria de interação.
A cada dia faço novos amigos e amigas através desse espaço e descubro o quanto os nossos docentes são capacitados e estão comprometidos com a educação. A rede nos permite conhecer a real situação da educação, dos educadores, dos alunos e das escolas espalhadas neste Brasil continental.
Tenho esperança, como amigo professor e blogueiro Euler Conrado, que a rede fomente a união da categoria, que se transforme em uma ferramenta de união e um instrumento para melhorar a educação. Compartilho com o professor e também blogueiro Luciano Gallo, a certeza de que estamos finalmente vivendo no Brasil do presente. Acredito, como minhas amigas Silvia – blog Esmeraldas GestarII - e Marlene – blog Mulher com Multifacetas - que a educação é um ato de amor e poesia. Busco abrir para a sociedade o cotidiano da sala de aula, seguindo o exemplo do professor Declev, que em seu blog Diário do Professor nos revela a lida dos docentes no plano real, inquieto-me com as contradições existentes entre o plano ideal e o plano real como o meu amigo e colega Luiz Eduardo Farias no seu blog Gritos no Silêncio.
Graças á Internet o nosso trabalho deixou de ficar limitado à sala de aula, agora todo o território nacional encontra-se integrado e pode ser transformado em uma grande sala de aula freqüentada por educadores ávidos de conhecimentos e soluções para os problemas relativos à categoria e a educação.
Cara amiga,
ResponderExcluirLendo seu texto não pude deixar de me lembrar de uma época (2003-04-05), quando era coordenador do Laboratório de Informática (PROINFO) da Escola onde trabalho.
Devemos ter sido uma das primeiras escolas no Estado a receberem esta “sala” do MEC, no final da década de 1990, quando ainda nem se falava sobre “banda larga” ou uso da Internet nas escolas.
A preocupação era como o uso dos computadores poderia prejudicar ou auxiliar a aprendizagem dos alunos. Na época li muito sobre o assunto e a grande preocupação dos “estudiosos de plantão” era o fato de o uso dos computadores impedirem o desenvolvimento da imaginação e do processo intuitivo e artístico do aluno, ou, até mesmo de substituir o trabalho dos professores.
Sempre acreditei que, se bem utilizado, o computador é mais uma ferramenta para enriquecer nossas aulas.
Na época pude identificar um problema, que ainda hoje considero um dos mais graves, que é o fato de os professores resistirem ao uso deste recurso na escola, como se isso fosse possível.
Três anos trabalhei como coordenador do laboratório de informática, e nesse período elaborei cursos de capacitação para que os professores pudessem se adequar à realidade que se impunha. Todos em vão!
Nada era capaz de convencer os professores que deveriam se preparar, e estamos falando apenas do uso dos computadores como ferramentas, sem a Internet.
Lembro-me que costumava dizer que era uma realidade que estava batendo à nossa porta. Hoje ela já está dentro.
Trabalho numa Prefeitura que se preocupa em oferecer aos professores diversos tipos de capacitação. Atualmente estamos fazendo um curso com previsão de 120 horas voltado especificamente para os CBCs.
Neste curso um dos temas abordados de maneira contundente é exatamente o uso das novas mídias na educação, e adivinha só o tamanho das dificuldades encontradas por aqueles que não se prepararam!
Sabe o que é mais complicado é que mesmo verificando que o uso dessas novas mídias não é mais uma promessa de futuro e sim uma realidade com a qual devemos a conviver, muitos deles não se convencem e permanecem como você diz jurássicos.
Hoje tenho dois blogs, um pessoal (luttiano.blogspot.com) e outro específico para a minha área de atuação (luprofessor.blogspot.com). Nenhum dos dois tem um enfoque político. Participo também de todas as redes sociais das quais meus alunos participam (Orkut, Facebook, etc) já há alguns anos.
Há alguns dias, li uma reportagem sobre como utilizar esse tipo de recurso (Redes Sociais) como forma de promover um aprendizado mais amplo aos alunos.
Atualmente estou desenvolvendo um projeto cujo objetivo é fazer com que o aluno participe de um curso on-line (Projeto de Geografia).
Sem dúvida o fato de termos que trabalhar com salas muito cheias é um fator prejudicial ao uso desse recurso sim, mas não podemos esperar que esta realidade mude pra só então fazer algo.
Infelizmente minha amiga, professores como nós que sabem que essa é uma realidade inevitável, que nossa presença no mundo virtual é a única forma de podermos fazer uso desse mundo para o bem dos nossos alunos e nosso, ainda é muito limitada, infelizmente.
Tenho fé que essa realidade mude e que a visão que tenho seja apenas uma realidade local.
Acompanho como você diversos blogs de professores, e, fico muito feliz em verificar que muitos já se renderam a esse tipo de relacionamento.
Abraços.
Luciano Gallo.
Luciano
ResponderExcluirObrigada pelo comentário excelente comentário.
De fato a informática chegou para ficar, não dá para fugir ou ignorar essa realidade. Sou fã declarada da tecnologia e tenho desenvolvido projetos com tudo que a tecnologia tem oferecido,seja celular, webcam, internet,ipod, etc. Entretanto esbarro com a resistência dos próprios alunos, já tive que engavetar dezenas de projetos, pois não costumo impor nada aos meus alunos, tudo é objeto de discusão. O que eu tenho observado é que para eles somente a parte referente a socialização é que interessa. Grande parte dos jovens não sabem utilizar minimamente os aplicativos oferecidos pela informática. Poucos são os que sabem pesquisar na internet, é isso não se dá apenas nas escolas públicas, nas privadas o fenômeno se repete.
Há um estudo feito, e não me engano pela USP, sobre a queda do rendimento escolar com o advento do computador, pois o mesmo está sendo utilizado apenas para a diversão, afetando o tempo disponível para o estudo. É incrivel o número de alunos que dormem durante as aulas, em função das noites em claro à frente do computar jogando ou apenas interagindo com os amigos, sem falar dos problemas observados na escrita.
Acho que é importante que nós educadores voltemos a nossa atenção para a tecnologia de modo a desenvolvermos uma maneira eficaz para a utilização da mesma, infelizmento tudo isso fica jogado nas mãos das crianças e dos jovens servindo apenas para a diversão.
Infelizmente até o presente momento, não temos nenhuma instituição abrindo linha de pesquisa nesta área, tudo o que temos até agora foi feito pelos docentes, sem qualquer recurso. Confesso que com o salário que tenho, não tenho condições de comprar todos os programas que gostaria para desenvolver as minhas idéias,para pagar cursos ou comprar equipamentos. Até mesmo o acesso a Internet banda larga está ficando difícil de manter, pois os preços continuam subindo e o meu salário não acompanha.
A inclusão digital ainda é perfumaria, pois para que ela seja uma realidade é necessário ainda muito investimento em equipamentos e em pessoal.
Por enquanto, teremos que nos contentar em baixar programas disponíveis na rede e aprender por nossa propria conta utilizá-los, pois não há nenhum incentivo por parte dos nossos "patrões". Todos falam da formação continuada, mas não oferecem os cursos nem nos dão um salário que nos permita fazê-la, por enquanto a formação continuada para nós está sendo feita na marra com livros de sebo, com crediários a perder de vista ou fragmentos recolhidos na internet, ou seja reciclagem de material e força de vontade.
Que tal pedirmos a Dilma que crie o programa "Bolsa Professor" para nos permitir cumprir a lei, pois a formação continuada é constitucional?
Bolsa Professor" é ótima...
ResponderExcluirA gente ri pra não chorar né...
Esqueci de colocar o blog da reportagem que citei:
http://www.midiassociais.net/2010/10/o-uso-das-redes-sociais-como-metodo-alternativo-de-ensino-para-jovens/
Ele aborda algumas iniciativas tambem, ainda não tive tempo de olhar com calma, mas me pareceram interessantes...