domingo, 18 de abril de 2010

FORMAÇÃO CONTINUADA

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Milagre cotidiano: a (auto) formação continuada dos docentes

A boa qualidade do desempenho profissional é fruto do aperfeiçoamento constante, pode-se medir a importância de uma atividade pela atenção que é dada à capacitação e a atualização dos conhecimentos dos trabalhadores nela envolvidos. Durante anos trabalhei no setor de turismo e todos os anos, fazia pelo menos dois cursos de aperfeiçoamento custeados pelas empresas em que trabalhava. Essa prática é rotineira, mais um exemplo para ilustrar essa tendência: meu irmão atua na área de mecânica aeronáutica – aviões e helicópteros – anualmente ele faz em media quatro cursos, todos integralmente pagos pela empresa. Detalhe importante, nos dois exemplos citados, não há legislação determinando esse aperfeiçoamento, o mesmo se dá em função da qualidade e produtividade almejada pelas empresas.

Atuando no magistério na rede pública e na rede privada, percebo o total descaso para com a educação nos dois setores. Solenemente a Constituição é ignorada, quando se trata da educação, pois a formação continuada dos docentes encontra-se determinada pela Constituição de 1988 e também pela LDB.

É inconcebível para o profissional da área, exercer as suas atividades sem o contínuo aperfeiçoamento, somos obrigados a estudar constantemente, entretanto esse profissional não recebe ajuda de custo, arcado sozinho com os custos do seu aperfeiçoamento.

O retorno do investimento que fazemos na nossa formação continuada é praticamente nulo, vejam abaixo quanto vale um mestrado e um doutorado na rede pública do Estado do Rio de Janeiro:

Professores da rede estadual que têm mestrado ou doutorado já podem requerer o Adicional de Qualificação. Docentes de 40 horas que fizeram mestrado terão direito a receber R$ 420. Professores que cumprem a mesma carga horária e que cursaram doutorado vão receber R$ 840. Já os profissionais que fizeram mestrado e trabalham 16, 22 ou 25 horas, terão abono de R$ 210. Para aqueles que cumprem estes horários e têm doutorado, o benefício será de R$ 420.
(http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/educacao-noticia-detalhe.asp?EditeCodigoDaPagina=3338)

Na rede privada também não é valorizado, não vou me alongar nesse ponto, pois este espaço é para tratar da educação pública. Atualmente as redes de ensino privado também não estão pagando o que deveriam para os docentes com mestrado e doutorado, por uma questão de custos, a maior parte do corpo docente no máximo tem uma pós-graduação, essas instituições mantém em seus quadros o número mínimo de mestres e doutores exigidos pelo MEC, e basta entrar no site do SINPRO, que vamos ver como anda as coisas para os docentes destas instituições.

Portanto exigir melhores condições de trabalho no nosso caso é um ato de cidadania, pois o que queremos é respeitar e cumprir o que manda a Constituição.

2 comentários:

  1. Pela primeira vez acesso este Blog para escrever alguma coisa. Primeiramente gostaria de parabenizar a iniciativa de criação deste espaço, pela professora Graça.
    De fato é lamentável o descaso com que o poder público trata das questões que envolvem a educação. Os discursos políticos são sempre os mesmos. Ressaltam sempre a importância da educação, no entanto na prática nada é feito por ela. A educação pública no Brasil, não tem importância no cenário político, pois, para aos que estão à frente deste processo, quanto mais ignorantes forem os indivíduos, melhor serão manipulados por aqueles que vivem e dependem da continuidade desta situação.
    No que tange a qualificação profissional, obviamente não é intessante promovê-la, visto não ser de interesse do estado. Quando uma empresa privada patrocina cursos de qualificação para os seus funcionários, visa o aumento da produtividade e sabe que esta depende de funcionários profissionalmente qualificados, por isto investe. Tudo bem é capitalista, mas tem um compromisso. O mesmo não ocorre com o estado (pelo menos com o nosso), onde o compromisso com a qualidade passa longe, afinal o dinheiro não deles. Não há um compromisso com a produtividade. Por isto, por que investir na qualificação de professores? No final da contas tanto faz!
    Investir nos profissionais da educação não dá voto, agora distribuir "beneses" sim.

    Júlio Mesquita

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  2. Obrigada pela visita e o comentário. Volte sempre!

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