AS PALAVRAS PROFESSOR/PROFESSORA, NÃO SÃO PRAGAS PARA SEREM EXTERMINADAS, NEM LIXO PARA SEREM RECICLADAS.
Vocês já repararam que as palavras professor e professora estão a caminho da extinção em função do processo de reciclagem por que estão passando? Estou pensando seriamente em criar uma ONG para preservá-la.
Admito que mesmo na idade do ouro da categoria, a nossa figura já não tinha uma imagem muita bem definida no imaginário popular, tinha um pé na família – a segunda mãe - e outro na religião – sacerdotes. Imagens de seres sacrificados, resignados, mártires heróicos, a gente aceitava, afinal de contas, a educação estava engatinhado no país. Apesar da confusão dos papéis, a profissão era reconhecida, a palavra professor designava um profissional.
O processo de reciclagem começou de uma forma lúdica, era tio pra lá, tia pra cá. Ingenuamente, tomamos a ofensiva como um gesto de carinho, afinal a nossa carência na época, já era grande, o respeito pela nossa profissão já estava roto, começando a desfiar. Ninguém, na ocasião, se deu conta significado da figura da “tia” no imaginário popular. Geralmente a boa e velha “tia” é a solteirona encalhada, lembram-se da “expressão ficou pra titia?” Pois é, na verdade está mais para encosto do que pra parente. O outro significado da palavra também, remete a exclusão, tia era a palavra utilizada para definir os homossexuais velhos, idosos, experientes. Sentiram agora a barra de ser “a tia?” Em ambos os casos é um ser improdutivo, pesado à sociedade que serve pra tomar conta da pirralhada e ensinar aquilo que os outros não tem tempo ou então não querem.
Existe alguma categoria profissional, com curso superior, que seus membros não sejam denominados pela respectiva especialização? Pelo que sei engenheiro é engenheiro, médico é médico, advogado é advogado, pedagoga é pedagoga. Por que só nós, depois de passarmos anos e anos em uma universidade, não somos reconhecidos?
Em tese ao obter uma qualificação científica e técnica, as pessoas são especializados em áreas específicas do saber, isto é, para praticar habilidades e competências técnicas relativas às áreas científicas nas foram graduadas. Cabe ao pediatra ensinar aos seus pacientes noções básicas de civilidade? Ao dentista é cobrado a solução dos problemas emocionais dos seus pacientes?
Legalmente a educação é uma parceria entre os pais e os professores, tanto a família quanto a escola são responsáveis pelo pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, a escola cabe reforçar, aprofundar e dar continuidade à base fornecida pelos responsáveis ao prepará-los para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Entretanto transferir toda a responsabilidade da formação da criança e do adolescente para a escola é descaracterizar o seu papel, cada professor é especializado para fornecer habilidades e competências específicas relativas ao exercício da cidadania e a habilitação necessária para preparar o aluno a sua entrada no mercado de trabalho, não temos condições nem qualificação técnica para substituir os pais.
Infelizmente o processo de extermínio das palavras professor/professora não se deteve quando nos transformaram em tios/tias. Avançou ladeira abaixo alavancado pela onda neoliberal, o professor/professora deve ser um fa-ci-li-ta-dor. Coincidência, ou não, a aprovação automática entrou em cena no mesmo período.
Particularmente me sinto muito incomodada com essas novas palavras .Tenho um diploma conferido pela UERJ e lá não estão nenhuma dessas palavras, olho o meu contra-cheque e também não as vejo, quando faço o meu imposto de renda não as encontro na relação de profissões reconhecidas pela Receita Federal.
A universidade me qualifica como professora, o Estado me emprega como professora e eu tenho consciência que sou uma professora, não aceito ser qualificada de outra maneira. Tenho orgulho de ser profissionalmente o que sou.
Lutem pela preservação destas palavras. Adotem essas duas palavras e as preservem.
CONCORDO PLENAMENTE!
ResponderExcluirPERFEITO!
CONCORDO, PLENAMENTE.
ResponderExcluirPERFEITO!