CÂNTICO DE NATAL
Chico Xavier/Meimei
Diante do bolo iluminado, abraças, feliz, os entes amados que chegaram de
longe... ouves a música festiva que passa, de leve, por moldura de harmonia
às telas da natureza... Entretanto, quando penetrares o templo da oração,
reverenciando o Mestre que dizes amar, mentaliza o estábulo pobre.
Ignoramos de que estrela estaria chegando o Sublime Renovador, mas
todos sabemos em que ponto da Terra começou ele o apostolado divino.
Recorda as mãos fatigadas dos tratadores de animais, os dedos calosos
dos homens do campo, o carinho das mulheres simples que lhe ofertaram
as primeiras gotas do próprio leite e o sorriso ingênuo dos meninos
descalços que lhe receberam do olhar a primeira nota de esperança.
Lembra-te do Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para
acolher-se, junto dos corações humildes que o esperavam, dentro da noite,
e desce também da própria alegria, para ajudar no vale dos que padecem..
Contemplarás, de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos
enceguecidos pela garoa das lágrimas. Ladeando velhinhos que tossem ao
desabrigo, há doentes e mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na
terra seca. Surgem mães infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças
desajustadas para quem o pão farto nunca chegou.
Trabalhadores cansados falam do abandono e jovens subnutridos se
referem ao consolo da morte...
Divide, porem, com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e, nos
recintos de palha e sombra a que te acolhes, encontrarás o Cristo no
coração, transfigurando-te a vida, ao mesmo tempo que, nos escaninhos da
própria mente, escutarás, de novo, o cântico do Natal, como de repetido
na pauta dos astro:
- Glória a Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!...
Feliz Natal
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